I. A Diferença Peremptória
Existe uma diferença peremptória se Deus existe ou não. Uma diferença definitiva, contundente e cabal. Se Deus não existe ― como insinua veementemente a cosmovisão ateísta ― absolutamente tudo na vida humana passa a não ter sentido algum. Sentido, valor e propósito ― os três elementos que dão significado à existência humana ― seriam, em última análise, meras ilusões humanas. Dado o ateísmo, tudo vira "conjectura" e ilusão subjetiva: só há aparência de sentido, aparência de valor e aparência de propósito para a vida; mas estes, na realidade, não existem. Em última instância, a vida seria, simplesmente, um enorme absurdo.
A diferença peremptória que refiro-me não diz respeito exatamente à "felicidade" de uma vida com ou sem Deus ― a despeito de que, se levarmos o ateísmo às últimas consequências, não haveria felicidade alguma. Mas a diferença que referi-me diz, mais precisamente, respeito a um sentido último para a vida humana, que acaba sendo destituído do ser humano na cosmovisão ateísta.
Somente Deus pode dar um "télos" à vida humana, e um sentido, valor e propósito objetivos para ela. Para demonstrar isso, elucidaremos no próximo tópico concernente a o que é necessário para que a vida humana tenha um sentido último.
II. O Necessário Para Que a Vida Tenha Sentido
Em linhas gerais, para que haja sentido na vida humana é necessário indubitavelmente Deus e a imortalidade. O ponto culminante é que tanto um como outro não existem na cosmovisão ateísta, desprovendo a vida de um propósito completamente.
Vamos trabalhar as duas questões:
A Imortalidade
Existiria algum sentido último num mundo em que tudo acaba? Absolutamente não. E, se Deus não existir ― como propala o ateísmo ― tanto o homem quanto o universo estão inevitavelmente fadados à morte. Sem a esperança da imortalidade, a vida humana caminha apenas para a cova. A vida humana não passa de uma faísca na escuridão infinita, uma faísca que aparece, emite uma trêmula chama e logo se extingue para sempre.
O próprio Universo haveria de enfrentar a morte a seu próprio modo. De acordo com a Ciência, o Universo está se expandindo e as galáxias estão cada vez mais se distanciando. À medida que isso ocorre, vai ficando cada vez mais frio ― e isso tudo à medida que se consome energia. Um dia todas as estrelas se apagarão, e toda matéria será atraída por estrelas mortas e buracos negros. Não haverá mais luz, nem calor, nem vida; somente estrelas mortas e galáxias expandindo-se cada vez mais para dentro da escuridão sem fim dos frios intervalos de tempo. Será um Universo em ruínas!
Isto não é nenhuma espécie de "ficção" científica: isso realmente vai acontecer, a menos que Deus intervenha. Mas, partindo do pressuposto ateísta ― em que Deus não existe ― isto inelutavelmente vai acontecer. Então, em última análise: tudo, absolutamente tudo à nossa volta está fadado à extinção perpétua.
Portanto, se toda pessoa deixa de existir quando morre, então que sentido último há em viver? Será que faz alguma diferença no final ter ou não sequer existido? Sem a imortalidade, absolutamente não.
O filósofo cristão William Lane Craig aborda esta questão do seguinte modo:
[sem a imortalidade] a humanidade não tem mais sentido do que um enxame de mosquitos ou um punhado de porcos, pois o final de todos é o mesmo. O mesmo processo cósmico cego, do qual eles resultaram, vai, no fim de tudo, tragá-los de volta. As contribuições de um cientista para o avanço do conhecimento humano, as pesquisas para aliviar a dor e diminuir o sofrimento, os esforços diplomáticos para garantir a paz mundial, os sacrifícios feitos por pessoas de bem, em todo o mundo, para melhorar a sorte da raça humana ― tudo isso resultará em nada. E este é o horror do homem moderno: por ele acabar em nada, ele nada é.
É importante entendermos, contudo, que não é somente da imortalidade que o homem precisa para que a sua vida faça sentido. A mera "duração da existência", de per si, não é suficiente para dar uma finalidade última à existência humana. Precisamos de Deus!
Deus
Sem Deus, ainda que fôssemos imortais, viveríamos uma vida completamente sem sentido. Ademais, "viver eternamente" sem fins objetivos é simplesmente "viver por viver".
Para ilustrar, existe uma estória de ficção científica em que um astronauta foi abandonado em um estéril pedaço de rocha perdido no espaço sideral. Ele trazia consigo dois frascos: um com veneno; e o outro, por sua vez, com uma porção que lhe faria viver para sempre. Imediatamente, o astronauta ― impelido pela tristeza em pensar no futuro que lhe aguardava ― tomou o frasco de veneno. Mas, para seu horror, o pobre homem descobriu que tinha bebido o frasco errado: ele tinha tomado a porção que lhe tornaria um imortal! E isso significa que ele estava fadado a viver uma vida perpétua, porém sem sentido, de dor e sofrimento.
Portanto, o homem não precisa apenas da imortalidade para que haja um sentido último para viver: ele precisa de Deus e da imortalidade. E se Deus não existir, ele não tem nem uma coisa nem outra.
Mas há um problema ainda maior: se Deus não existe, então não há um padrão objetivo do que seja certo ou errado; pois qual é o parâmetro que usaremos para julgar uma ação boa ou má? Se não existe um padrão universal perfeito, então não há como condenar qualquer ação dita como ruim; pois, se a condenarmos, estaremos fazendo isso a partir de qual padrão? Qual parâmetro? Se é tão-somente pelo nosso, por que isso deve necessariamente valer para outra pessoa?
Somente a existência de Deus pode explicar e justificar os valores morais. Sem ela, tudo vira subjetivo, e, portanto, sem valor universal nenhum.
Talvez você possa responder citando a declaração de Aristóteles: tudo que o homem tem instintivamente por correto é uma verdade natural ― e com isso dizer que a noção da moralidade é intrínseca ao ser humano; portanto, ele deveria prezar por ela simplesmente por ser uma verdade natural. Mas, se a noção da moralidade é "inerente ao ser humano", e está gravada em sua consciência, quem a colocou lá?
Pode-se chamar isso de Lei Moral ― porquanto está definitivamente gravada dentro de nós; de sorte que a consciência acusa-nos quando a infligimos e tranquiliza-nos quando a cumprimos. Contudo, somente um Ser sobrenatural poderia ter gravado tal lei em nós, e nos dado a noção básica de Suas leis santas.
Por fim, sem Deus não há como justificar e muito menos explicar a moralidade; porquanto ela é transcedente, servindo inclusive de uma evidência poderosa para a existência de Deus.
III. E Os Valores?
Sem Deus e a imortalidade, não existem valores morais objetivos. Pois, se a vida termina e extingue-se para sempre, então não faz a menor diferença se você vive como um Stalin ou como uma madre Teresa de Calcutá, visto que o seu destino não possui qualquer relação final com o seu comportamento. Pessoas boas e pessoas más teriam o mesmo destino final: a extinção perpétua. Logo, por que não viver perfeitamente como bem entender?
Para exemplificar, leia a seguir o relato do pastor Richard Wurmbrand, que foi torturado por sua fé pelos seus algozes na prisão russa:
É difícil acreditar na crueldade do ateísmo quando não se crê na recompensa do bem ou na punição do mal. Não há motivos para ser humano. Não há limites para as insondáveis profundezas do mal que se encontram dentro do homem. Os torturadores comunistas costumavam dizer: "Não há Deus, não há outra vida, não há punição para o mal. Podemos fazer o que quisermos." Ouvi até mesmo um torturador dizer: "Agradeço a Deus, em quem não acredito, por ter vivido para colocar para fora todo o mal que trago em meu coração." Ele disse essas palavras em meio a uma inacreditável brutalidade, enquanto torturava prisioneiros.
Mas há um problema ainda maior: se Deus não existe, então não há um padrão objetivo do que seja certo ou errado; pois qual é o parâmetro que usaremos para julgar uma ação boa ou má? Se não existe um padrão universal perfeito, então não há como condenar qualquer ação dita como ruim; pois, se a condenarmos, estaremos fazendo isso a partir de qual padrão? Qual parâmetro? Se é tão-somente pelo nosso, por que isso deve necessariamente valer para outra pessoa?
Somente a existência de Deus pode explicar e justificar os valores morais. Sem ela, tudo vira subjetivo, e, portanto, sem valor universal nenhum.
Talvez você possa responder citando a declaração de Aristóteles: tudo que o homem tem instintivamente por correto é uma verdade natural ― e com isso dizer que a noção da moralidade é intrínseca ao ser humano; portanto, ele deveria prezar por ela simplesmente por ser uma verdade natural. Mas, se a noção da moralidade é "inerente ao ser humano", e está gravada em sua consciência, quem a colocou lá?
Pode-se chamar isso de Lei Moral ― porquanto está definitivamente gravada dentro de nós; de sorte que a consciência acusa-nos quando a infligimos e tranquiliza-nos quando a cumprimos. Contudo, somente um Ser sobrenatural poderia ter gravado tal lei em nós, e nos dado a noção básica de Suas leis santas.
Por fim, sem Deus não há como justificar e muito menos explicar a moralidade; porquanto ela é transcedente, servindo inclusive de uma evidência poderosa para a existência de Deus.
IV. Ateísmo X Teísmo Cristão
Na cosmovisão ateísta, assustadoramente, não há sentido para a vida humana. Somos mero subproduto acidental da natureza. Não há razão para nossa existência.
A consequência lógica trágica de uma visão de mundo ateísta é o niilismo ― doutrina filosófica que rejeita radicalmente às tentativas de se estabelecer sentido, valor e propósito à vida humana; pois, segundo ela, não há nenhum sentido ou utilidade na existência.
Não por acaso, filósofos como Friedrich Nietzsche (niilista), Jean-Paul Sartre e Albert Camus ― que eram ateus e mergulharam profundamente nas implicações lógicas do ateísmo ― diziam em amiúde que a vida não possui nenhum sentido. Um deles, Sartre ― um dos maiores nomes do ateísmo existencialista ― chegava a dizer que o homem era apenas uma "paixão inútil" neste mundo; apenas um ser insignificante e estupidamente destinado à morte.
O filósofo ateu Bertrand Russel (1872-1970), ao negar a existência de Deus, afirmou que sua visão de mundo era simplesmente "inacreditável"; nem eu não sei a solução ― confessou. Sem Deus, esvai-se toda motivação em viver!
Mas então como há ateus felizes? ― você pode perguntar. A resposta é simples: de acordo com o próprio Pascal, por nos ocuparmos com atividades e entretenimento, nós não pensamos sobre o "absurdo da vida" e sobre a "falta de sentido" que nos rodeia. De fato, seria necessário uma séria reflexão filosófica para percebê-las. E grande parte das pessoas não pausam para pensar seriamente ou fazer uma reflexão estritamente filosófica sobre essas questões, mas apenas embaraçam-se com a rotina e com os casuais eventos da vida. Isso explica, grosso modo, porque muitas pessoas ateias não levam as implicações lógicas do ateísmo à vida prática.
E do Teísmo Cristão, quais são as implicações lógicas? As implicações trazem consigo um consolo e paz inexprimível, e carregam em si mesmas um sentido, valor e propósito objetivos para a vida humana: elas significam que existe um Criador e Sustentador do Universo, um Ser Supremo por excelência; um Ser de máxima grandeza, Infinito em glória e majestade. Esse Ser Bendito é a fonte dimanante de toda bondade existente no cosmos. Ele ama inenarravelmente os seres humanos, e quer trazê-los a um relacionamento profundo com Ele, para sempre. Destarte, isso significa que existe um propósito objetivo para o qual fomos criados; e que, intrinsicamente, os seres humanos são valiosos e possuem obrigações morais a serem cumpridas, como amar seu próximo e ajudar a aliviar a dor e o sofrimento humano.
Significa, ainda, que Deus tem um propósito para você cumprir nesta vida!
Na Cosmovisão Cristã, o homem desviou-se do propósito original para o qual Deus o criou. Ele fez isso quando virou as costas para Deus, através do pecado. Mas através de Jesus Cristo o nosso relacionamento com Deus é restaurado, e podemos, assim, viver uma vida em comunhão com Ele enquanto estivermos na Terra; e, na eternidade, vivermos para sempre junto dEle, numa alegria e glória indizíveis.
Sem dúvidas, a cosmovisão teísta-cristã é indubitavelmente preeminente sobre o ateísmo.
Não se faz necessário nem demarcar a deprimente avaliação do ateu Richard Dawkins quanto ao valor do ser humano...
Concluimos, portanto, que a existência de Deus faz-se necessária para nós. Sem Deus, a vida humana seria absurda ― se é que haveria vida!
Não quero por meio dessa abordagem insinuar que um ateu veja a vida como algo maçante, sem sentido, ou que ele não tenha propósitos pessoais, ou leve uma vida imoral, etc., mas sim dizer que, sem a existência de Deus, a vida humana é, em última análise, absurda e totalmente destituída de quaisquer tipos de sentido, valor ou propósito. É por implicações lógicas como essa que a Bíblia define terminantemente o ateísmo como loucura, tanto perante Deus quanto perante os homens (Sl 14.1; 53.1).
Por: Daniel Cardoso.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
CRAIG, W.L. Em Guarda: Defenda a Fé Cristã com Razão e Precisão. São Paulo: Vida Nova, 2011.
COSTA, J.M. Provas da Existência de Deus. 1ª ed. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2016.
Sem dúvidas, a cosmovisão teísta-cristã é indubitavelmente preeminente sobre o ateísmo.
V. Conclusão
Por fim, sinteticamente, Richard Dawkins ― considerado um dos "quatro cavaleiros do Ateísmo" ― descreve o valor do ser humano na cosmovisão ateísta: No final não há nenhum design, nenhum propósito, nenhum mal, nenhum bem, nada mais do que uma insípida indiferença [...] Somos máquinas para a propagação do DNA [...] Essa é a única e exclusiva razão de cada ser vivo existir.Não se faz necessário nem demarcar a deprimente avaliação do ateu Richard Dawkins quanto ao valor do ser humano...
Concluimos, portanto, que a existência de Deus faz-se necessária para nós. Sem Deus, a vida humana seria absurda ― se é que haveria vida!
Não quero por meio dessa abordagem insinuar que um ateu veja a vida como algo maçante, sem sentido, ou que ele não tenha propósitos pessoais, ou leve uma vida imoral, etc., mas sim dizer que, sem a existência de Deus, a vida humana é, em última análise, absurda e totalmente destituída de quaisquer tipos de sentido, valor ou propósito. É por implicações lógicas como essa que a Bíblia define terminantemente o ateísmo como loucura, tanto perante Deus quanto perante os homens (Sl 14.1; 53.1).
Por: Daniel Cardoso.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
CRAIG, W.L. Em Guarda: Defenda a Fé Cristã com Razão e Precisão. São Paulo: Vida Nova, 2011.
COSTA, J.M. Provas da Existência de Deus. 1ª ed. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2016.
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