domingo, 12 de abril de 2020

EXPERIMENTE O PODER DA RESSURREIÇÃO!



E,  na  verdade,  tenho  por  perda  também  todas  as  coisas,  pela  excelência  do  conhecimento  de  Cristo  Jesus,  meu  Senhor;  pelo  qual  sofri  a  perda  de  todas  estas  coisas  e  as  considero  como  esterco,  para  que  possa  ganhar  a  Cristo  e  ser  achado  nEle,  não  tendo  a  minha  justiça  que  vem  da  lei,  mas  a  que  vem  pela  fé  em  Cristo,  a  saber,  a  justiça  que  vem  de  Deus  pela  fé;  para  conhecê-lo,  assim  como  o  poder  da  Sua  Ressurreição,  e  a  comunicação  de  Suas  aflições,  sendo  feito  conforme  a  Sua  morte;  para  ver  se,  de  alguma  maneira,  eu  possa  chegar  à  ressurreição  dos  mortos   (Fp  3.8-11).

I.  Introdução

No  texto  em  apreço,  o  apóstolo  Paulo  fala  a  respeito  da  justificação  e  santificação  do  salvo. Ao  dissertar  sobre  a  primeira,  Paulo  fala  da  importância  dos  irmãos  não  se  vangloriarem,  mas  atribuirem  sempre  a  Cristo  a  causa  eterna  da  Salvação.  Para  isso,  cita  o  seu  exemplo  (Fp  3.2-9).  Já  na  dissertação  da  segunda,  Paulo  cita  o  seu  prosseguimento  rumo  à  perfeição,  num  processo  paulatino  de  crescimento  (Fp  3.12-16). 

Mas,  ao  falar  do  seu  progresso  como  cristão,  Paulo  exprime  de  modo  explícito  o  seu  desejo  de  conhecer  mais  a  Cristo  e  de  experimentar  em  sua  vida  literalmente  o  "poder  (gr.  dynamis)  da  Sua  ressurreição".  Mas  afinal,  o  que  de  fato  é  isso?

II.  O  Que  é  o  "Poder  da  Ressurreição"?

Uma   das  regras  de  hermenêutica  é  a  de  que  a  Bíblia  interpreta  a  própria  Bíblia.  Sendo  assim,  convém  analisarmos  se,  em  outros  textos,  o  apóstolo  Paulo  deixou  mais  informações  sobre  o  cognominado  "poder  da  Ressurreição".

Na  Epístola  aos  Efésios,  Paulo  escreve  sobre  este   mesmo  poder,  dizendo:
Não  cesso  de  dar  graças  a  Deus  por  vós,  lembrando-me   de  vós  nas  minhas  orações,  para  que  o  Deus  de  nosso  Senhor  Jesus  Cristo,  o  Pai  da  glória,  vos  dê  em  seu  conhecimento  o  espírito  de  sabedoria  e  revelação,  tendo  iluminados  os  olhos  do  vosso  entendimento,  para  que  saibais  qual  seja  a  esperança  da  Sua  vocação,  e  quais  as  riquezas  da  glória  da  Sua  herança  nos  santos,  e  qual  a  sobre-excelente  grandeza  do  Seu  poder  sobre  nós,  que  manifestou  em  Cristo,  ressuscitando-O  dos  mortos,  e  pondo-O  à  Sua  direita  nos  céus   (Ef  1.16-20).

Note  que  Paulo  cita  um  poder  cuja  grandeza  é  "sobre-excelente" ―  isto  é,  mais  do  que  excelente;  aquilo  que  tem  um  nível  supremo  de  excelência  ―  que  está  já  está  operando  nos  santos  do  Senhor.  No  decorrer  da  perícope,  Paulo  acrescenta-nos  uma  informação:  este  poder  que  hoje  já  opera  nos  salvos  foi  o  mesmo  poder  que  se  manifestou  sobre  Cristo,  fazendo-O  ressurgir  de  entre  os  mortos.  Mas  que  poder  insigne!  

Lembremo-nos  do  evento  impactante  que  foi  a  ressurreição.  Conquanto  muitas  vezes  seja  tratada  ou  falada  como  algo  trivial,  ela  é  o  pivô  da  nossa  esperança!  Foi,  deveras,  o  evento  mais  glorioso  da  história  até  o  momento.   Naquele  dia  o  poder  de  Deus  fez  com  que  uma  pedra  cujo  peso  era  de  4  toneladas, e  que  tinha  2,5  metros  de  diâmetro  e  33  centímetros  de  espessura  fosse  revolvida,  e  o  corpo  de  Cristo  fosse  glorificado  e  imediatamente  ressuscitado.  Isto  remete-nos  ao  fato  de  que  este  poder  só  pode  ser  incomensurável,  magnífico  e  explêndido!  Imaginemos,  pois,  a  sobre-excelente  grandeza  deste  poder,  que,  segundo  a  Escritura,  já  está  operando  nos  crentes!

O  que,  contudo,  este  poder  faz?  Qual  a  sua  respectiva  função  na  vida  do  cristão?   Sobre  isso,  o  apóstolo  Paulo  discorre  no  contexto  imediato  da  perícope.   Em  Efésios  2,  o  apóstolo  diz-nos  que  este  poder  começou  a  operar  em  nós  desde  o  momento  em  que  fomos  salvos:  E  vos  vivificou  [uma  referência  ao  poder  citado  em  Ef  1.19]   estando  vós  mortos  em  ofensas  e  pecados  (Ef  2.1).   Ou  seja,  desde  o  momento  em  que  recebemos  a  Cristo  como  Senhor  e  Salvador,  este  explêndido  e  incomensurável  poder  passa  a  operar  em  nós!

Para  entendermos  a  função  inicial  desta  virtude  dispensada  a  nós  por  Deus  Pai,  faz-se  necessário  reportarmos  à  criação  do  ser  humano  e  ao  seu  estado  original,  no  Éden,  ainda  num  contexto  paradisíaco.  A  Palavra  do  Senhor  revela  o  estado  de  plena  comunhão  com  Deus  que  estava  o  ser  humano  originalmente.  Ele  conversava  e  dialogava  com  o  próprio  Deus  todos  os  dias,  que  descia  do  Céu  na  viração   da  tarde  para  este  fim  (Gn  3.8).  Mas   com   o  pecado  encetado  na  humanidade,  a  morte  espiritual acometeu  a  todos  os  seres  humanos. Todos  nós   estavámos  mortos   ―  isto  é,  separados    de  Deus,  o  Soberano  Criador  do  Universo.  Foi  necessária,  então,  a  morte  expiatória  do  Filho  de  Deus,  um  Ser  inocente  e  Santo,  cuja  vida  foi  tirada  para  restaurar-nos  a  comunhão  com  o  Eterno,  e  propiciar-nos  salvação  e  remissão  dos  nossos  pecados,  pela  fé  em  Seu  nome.  Quando  O  aceitamos,  passamos  a  viver  novamente  para  Deus.  Ocorre  uma  vivificação  (ou  ressurreição,  como  queira  chamar),  e  nós,  que  estavámos   mortos  para  Deus,  passamos  a  viver  novamente  única  e  exclusivamente  para  Ele.  Deste  modo,  o  mesmo  poder com  que  Deus  ressuscitou  Jesus  de  entre  os  mortos  é  manifesto  na  vida  do  pecador  arrependido, que  passa  a  ressuscitar  de  sua  morte  espiritual  e  viver  novamente  para  Deus.  A  partir  daí  começa-se  o  glorioso  processo  efetuado  no  salvo  pelo  sobre-excelente  "poder  da  Ressurreição".

Mas  engana-se  quem  pensa  que  a  atuação  deste  poder  termina  por  aí.  Pois,  assim  como  o  poder  emanado  do  Pai  não  só  ressuscitou  a  Jesus,  como  também  fê-lo  ascender  ao  Céu,  glorificado  (Ef  1.20), com  o  salvo  não  há  de  ser  diferente.   O  magnífico  "poder  da  Ressurreição"  há  de  ser  manifesto  cada  vez  mais  intensamente  no  salvo, até  o  dia  em  que  estivermos  "assentados  nos  lugares  celestiais  em  Cristo"  (Ef  2.6,7),  já  glorificados.   Naquele  dia  perceberemos  efetivamente  a  excelssitude  desse  poder  emanado  de  Deus.  Contudo,  ainda  assim,  a  Escritura  nos  faz  um  convite:  perceba   este  poder  desde  já  em  sua  vida  cristã;  sinta-o!  Este  era,  deveras,  o  desejo  do  apóstolo  Paulo,  tanto  para  os  efésios  (Ef  1.16-19),  quanto  para  si  mesmo  (Fp  3.8-11).

III.  Sentindo  o  Poder  da  Ressurreição

O  resultado  de  uma  vida  cristã  cercada  pelo  vivo  poder  da  Ressurreição  é,  sem  dúvida  alguma,  uma  inexorável  certeza  da  Salvação  e  um  gozo  inexprimível  pelo  Céu.   Este  glorioso  poder  conferido  a  nós  pelo  Deus  Pai  pode  ser  sentido  por  todo  salvo;  contudo,  para  isso  é  necessário  que  o  Pai  Celestial  ilumine  nossos  olhos  espirituais,  para,  deste  modo,  notarmos  o  poder  que em nós  tem  operado,  e  o  sentirmos.  Paulo  orava  incessantemente  para  que  o  Altíssimo  assim  fizesse  nos  efésios. E,  conforme  vimos  no  texto  de  Filipenses  3.8-11  ss,  Paulo  anelava  para  que  ele  mesmo  pudesse  sentir  esta  gloriosa  virtude.  É  interessante  notarmos,  ainda,  que  o  apóstolo  fala  sobre  o  sentimento  deste  poder  como  um  avanço  na  comunhão  espiritual  do  crente  com  Deus.  É  algo,  por  conseguinte,  que  vale  a  pena  ser  buscado.

Precisamos  saber  que  este  poder  já  está  operando  em  nós.  Ele  está  nessa  operação  desde  o  dia  em  que  fomos  salvos.  Contudo,  para  ele  ser  sentido,  faz-se  necessário  buscar isso da  parte  do  Senhor. 

Saiba  que  Deus  deseja  que  você  sinta  este  poder.  Isso  lhe trará  grande  edificação  espiritual,  além  de  uma  inexorável  certeza  de  que  o  mesmo  poder  que  ressuscitou  a  Jesus  há  2.000  atrás,  é  o  mesmo  que  está  hoje  operando  em  sua  vida,  até  a  glorificação.  Cabe  a  todos  nós,  portanto,  desejar  "ir  além"  do  nosso  nível  espiritual  (cf.  Ez  47)  e  progredirmos  em  nossa  comunhão  com  o  Senhor,  desejando  melhor  conhecê-Lo,  assim  como  Paulo.

IV.   Conclusão

Hoje  comemora-se  internacionalmente  a  Páscoa.  Nela  comemoramos  a  Ressurreição  de  nosso  Senhor  Jesus  Cristo. Nos  regozijamos  em  saber  que  Ele  está  vivo,  e  que  a  morte  não  O  venceu.  Por  isso,  convém  ser  frisado  que,  acima  de  tudo,  o  cognominado  "poder  da  Ressurreição"  concede  uma  inedelével  convicção  de  que  o  nosso  Senhor  ressuscitou;  pois  sentimos  o  poder  que   operou  a  Ressurreição  em  nossa  vida  cristã  diária.  Regojizemo-nos,  pois,  no  Senhor;  e  peçamos-Lhe  esta  tão  grande  e  magnífica  experiência:  sentir  o  poder  da  Ressurreição,  que  tem  operado  em  nós!

Por:  Daniel  Cardoso.     
  


   



sábado, 4 de abril de 2020

O ABSURDO DA VIDA SEM DEUS


I.  A  Diferença  Peremptória  

Existe  uma  diferença  peremptória  se  Deus  existe  ou  não.  Uma  diferença  definitiva,  contundente  e  cabal. Se  Deus  não  existe ― como  insinua  veementemente  a  cosmovisão  ateísta  ―  absolutamente  tudo  na  vida  humana  passa  a  não  ter  sentido  algum.  Sentidovalor  e  propósito ―  os  três  elementos  que  dão  significado  à  existência  humana  ―  seriam,  em  última  análise,  meras  ilusões  humanas.  Dado  o  ateísmo,  tudo  vira  "conjectura"  e  ilusão  subjetiva:  só  há  aparência  de  sentido,  aparência  de  valor  e  aparência  de  propósito para  a  vida;  mas  estes,  na  realidade,  não  existem.  Em  última  instância,  a  vida  seria,  simplesmente,  um  enorme  absurdo.

A  diferença  peremptória  que  refiro-me  não  diz  respeito  exatamente  à  "felicidade" de  uma  vida  com  ou  sem  Deus   a  despeito  de  que,  se  levarmos  o  ateísmo  às  últimas consequências,  não  haveria  felicidade  alguma.  Mas a diferença  que  referi-me  diz,  mais  precisamente,  respeito  a  um  sentido  último para  a  vida  humana,  que  acaba  sendo  destituído do  ser  humano  na  cosmovisão  ateísta.      

Somente  Deus  pode  dar  um  "télos"  à  vida  humana,  e  um  sentido,  valor  e  propósito  objetivos  para  ela.  Para  demonstrar  isso,  elucidaremos  no  próximo  tópico  concernente  a  o  que  é  necessário  para  que  a  vida  humana  tenha  um  sentido  último.

II.  O  Necessário  Para  Que  a  Vida  Tenha  Sentido

Em  linhas  gerais,  para  que  haja  sentido  na  vida  humana  é  necessário  indubitavelmente Deus  e  a  imortalidade.  O  ponto  culminante  é  que  tanto  um  como  outro  não  existem  na  cosmovisão  ateísta,  desprovendo  a  vida  de  um  propósito  completamente.

Vamos  trabalhar  as  duas  questões:

A   Imortalidade

Existiria  algum  sentido  último  num  mundo  em  que  tudo  acaba?  Absolutamente  não.  E,  se  Deus  não  existir  ―  como  propala  o  ateísmo  ―  tanto  o  homem  quanto  o  universo  estão  inevitavelmente  fadados  à  morte.   Sem  a  esperança  da  imortalidade,  a  vida  humana  caminha  apenas  para  a  cova.  A  vida  humana  não  passa  de uma  faísca  na  escuridão  infinita,  uma  faísca  que  aparece,  emite  uma  trêmula  chama  e  logo  se  extingue  para  sempre.    

O  próprio  Universo  haveria  de  enfrentar  a  morte  a  seu  próprio  modo.  De  acordo  com a   Ciência,  o  Universo  está  se  expandindo  e  as  galáxias  estão  cada  vez  mais  se  distanciando. À  medida  que  isso  ocorre,  vai  ficando  cada  vez  mais  frio  ― e   isso  tudo  à  medida  que  se  consome  energia. Um  dia  todas  as  estrelas  se  apagarão,  e  toda  matéria  será  atraída  por  estrelas  mortas  e  buracos  negros.  Não  haverá  mais  luz,  nem  calor,  nem  vida;  somente  estrelas  mortas  e  galáxias  expandindo-se  cada  vez  mais  para  dentro  da  escuridão  sem  fim  dos  frios  intervalos  de  tempo.  Será um  Universo  em  ruínas!

Isto  não  é  nenhuma  espécie  de "ficção"  científica:  isso  realmente  vai  acontecer,  a  menos  que  Deus  intervenha.  Mas,  partindo  do  pressuposto  ateísta  ―  em  que  Deus  não  existe  ―  isto  inelutavelmente  vai  acontecer.  Então,  em  última  análise:  tudo,  absolutamente  tudo  à  nossa  volta  está  fadado  à  extinção  perpétua.   

Portanto,  se  toda  pessoa  deixa  de  existir  quando  morre,  então  que  sentido  último  há  em  viver?  Será  que  faz  alguma  diferença  no  final  ter  ou  não  sequer  existido? Sem  a  imortalidade,  absolutamente  não.  

O  filósofo  cristão  William  Lane  Craig  aborda  esta  questão  do  seguinte  modo:

[sem  a  imortalidade]  a  humanidade  não  tem  mais  sentido  do  que  um  enxame  de  mosquitos  ou  um  punhado  de   porcos,  pois  o  final  de  todos  é  o  mesmo.  O  mesmo  processo  cósmico  cego,  do  qual  eles  resultaram,  vai,  no  fim  de  tudo,  tragá-los  de  volta.  As  contribuições  de  um  cientista  para  o  avanço  do  conhecimento  humano,  as  pesquisas  para  aliviar  a  dor  e  diminuir  o  sofrimento,  os  esforços  diplomáticos  para  garantir  a  paz  mundial, os  sacrifícios  feitos  por  pessoas  de  bem,  em  todo  o  mundo,  para  melhorar  a  sorte  da  raça  humana  ―  tudo  isso  resultará  em  nada.  E  este  é  o  horror  do  homem  moderno:  por  ele  acabar  em  nada,  ele  nada  é. 
 É  importante  entendermos,  contudo,  que  não  é  somente  da  imortalidade  que  o  homem  precisa  para  que  a  sua  vida  faça  sentido.  A  mera  "duração  da  existência",  de  per  si,  não  é  suficiente  para  dar  uma  finalidade   última  à  existência  humana.  Precisamos  de  Deus!

Deus

Sem  Deus,  ainda  que  fôssemos  imortais,  viveríamos  uma  vida  completamente   sem  sentido.  Ademais,  "viver  eternamente"  sem  fins  objetivos  é  simplesmente  "viver  por  viver".  

Para  ilustrar,  existe  uma  estória  de  ficção  científica  em  que  um  astronauta  foi  abandonado  em  um  estéril  pedaço  de  rocha  perdido  no  espaço  sideral.  Ele  trazia  consigo  dois  frascos:  um  com  veneno;  e  o  outro,  por  sua  vez,  com  uma  porção  que  lhe  faria  viver  para  sempre.  Imediatamente,  o  astronauta  ―  impelido  pela  tristeza  em  pensar  no  futuro  que  lhe  aguardava ―  tomou  o  frasco  de  veneno.  Mas,  para  seu  horror,  o  pobre  homem  descobriu  que  tinha  bebido  o  frasco  errado: ele  tinha  tomado  a  porção  que  lhe  tornaria  um  imortal!  E  isso  significa  que  ele  estava  fadado  a  viver  uma  vida  perpétua,  porém  sem  sentido,  de   dor  e  sofrimento.

Portanto,  o  homem  não  precisa  apenas  da  imortalidade  para  que  haja  um  sentido  último  para  viver:  ele  precisa  de  Deus  e  da  imortalidade.  E  se  Deus  não  existir,  ele  não  tem  nem  uma  coisa  nem  outra.


III.  E  Os  Valores?

Sem  Deus  e  a  imortalidade,  não  existem  valores  morais  objetivos.  Pois,  se  a  vida  termina  e  extingue-se  para  sempre,  então  não  faz  a  menor  diferença  se  você  vive  como  um  Stalin  ou  como  uma  madre  Teresa  de  Calcutá,  visto que  o  seu  destino  não  possui  qualquer  relação  final  com  o  seu  comportamento.  Pessoas  boas  e  pessoas  más  teriam  o  mesmo  destino  final:  a  extinção  perpétua.  Logo,  por  que  não  viver  perfeitamente  como  bem  entender?

Para  exemplificar,  leia  a  seguir  o  relato  do  pastor  Richard  Wurmbrand,  que  foi  torturado  por  sua  fé  pelos  seus  algozes  na  prisão  russa:

É  difícil  acreditar  na  crueldade  do  ateísmo  quando  não  se  crê  na  recompensa  do  bem  ou  na  punição  do  mal.  Não  há  motivos  para  ser  humano.  Não  há  limites  para  as  insondáveis  profundezas  do  mal  que  se  encontram  dentro  do  homem.  Os  torturadores  comunistas  costumavam  dizer:  "Não  há  Deus,  não  há  outra  vida,  não  há  punição  para  o  mal.  Podemos  fazer  o  que  quisermos."  Ouvi  até  mesmo  um  torturador  dizer:  "Agradeço  a  Deus,  em  quem  não  acredito,  por  ter  vivido  para  colocar  para  fora  todo  o  mal  que  trago  em  meu  coração."  Ele  disse  essas   palavras  em  meio  a  uma  inacreditável  brutalidade,  enquanto  torturava  prisioneiros. 

Mas  há  um  problema  ainda  maior:  se  Deus  não  existe,  então  não  há  um  padrão  objetivo  do  que  seja  certo  ou  errado;  pois qual  é  o  parâmetro  que  usaremos  para  julgar  uma  ação  boa  ou  má?   Se  não  existe  um  padrão  universal  perfeito,  então  não  há  como  condenar  qualquer  ação  dita  como  ruim;  pois,  se  a  condenarmos,  estaremos  fazendo  isso  a  partir  de  qual  padrão?  Qual  parâmetro?  Se  é  tão-somente  pelo  nosso,  por  que  isso  deve  necessariamente  valer  para  outra  pessoa?
Somente  a  existência  de  Deus  pode  explicar  e  justificar  os  valores  morais.  Sem  ela,  tudo  vira  subjetivo,  e,  portanto,  sem  valor  universal  nenhum.  

Talvez  você  possa  responder  citando  a  declaração  de  Aristóteles:  tudo  que  o  homem  tem  instintivamente  por  correto  é  uma  verdade  natural ―  e  com  isso  dizer  que  a  noção  da  moralidade  é  intrínseca  ao  ser  humano;  portanto,  ele  deveria  prezar  por  ela  simplesmente  por  ser  uma  verdade  natural.  Mas,  se  a  noção  da  moralidade  é  "inerente  ao  ser  humano",  e  está  gravada  em  sua  consciência,  quem  a  colocou  lá?  
Pode-se  chamar  isso  de  Lei  Moral   ―  porquanto  está  definitivamente  gravada  dentro  de  nós;  de  sorte  que  a  consciência  acusa-nos  quando  a  infligimos  e  tranquiliza-nos  quando  a  cumprimos.  Contudo, somente  um  Ser  sobrenatural  poderia  ter  gravado  tal  lei  em  nós,  e  nos  dado  a  noção  básica  de  Suas  leis  santas.

Por  fim,  sem  Deus  não  há  como  justificar  e  muito  menos  explicar  a  moralidade;  porquanto  ela  é  transcedente,  servindo  inclusive  de  uma  evidência  poderosa  para  a  existência  de  Deus. 


 IV.  Ateísmo  X  Teísmo  Cristão

Na  cosmovisão  ateísta,  assustadoramente,  não  há  sentido  para  a  vida  humana. Somos  mero  subproduto  acidental  da  natureza.  Não  há  razão  para  nossa  existência.

A  consequência  lógica  trágica  de  uma  visão  de  mundo  ateísta  é  o  niilismo   ―  doutrina  filosófica  que  rejeita  radicalmente  às  tentativas  de  se  estabelecer   sentido, valor  e  propósito  à  vida  humana;  pois,  segundo  ela,  não  há   nenhum  sentido  ou  utilidade  na  existência.  

Não  por  acaso,  filósofos  como  Friedrich  Nietzsche  (niilista),  Jean-Paul  Sartre  e  Albert  Camus  ―  que eram  ateus  e  mergulharam  profundamente  nas  implicações  lógicas  do  ateísmo  ―  diziam  em  amiúde  que  a  vida  não  possui  nenhum  sentido. Um  deles,  Sartre   um  dos  maiores  nomes  do  ateísmo  existencialista ― chegava  a  dizer  que  o  homem  era  apenas  uma  "paixão  inútil"  neste  mundo;  apenas  um  ser  insignificante  e  estupidamente  destinado  à  morte.   
O  filósofo  ateu  Bertrand  Russel  (1872-1970),  ao  negar  a  existência  de  Deus,  afirmou  que  sua  visão  de  mundo  era  simplesmente  "inacreditável";  nem  eu  não  sei  a  solução  ―  confessou.  Sem  Deus,  esvai-se  toda  motivação  em  viver!  

Mas  então  como  há  ateus  felizes?  ―  você  pode  perguntar.  A  resposta  é  simples:  de  acordo  com  o  próprio  Pascal,  por  nos  ocuparmos  com  atividades  e  entretenimento,  nós  não  pensamos  sobre  o  "absurdo  da  vida"  e  sobre  a  "falta  de  sentido"  que  nos  rodeia.  De  fato,  seria  necessário  uma  séria  reflexão  filosófica  para   percebê-las.  E  grande  parte  das  pessoas  não  pausam  para  pensar  seriamente  ou  fazer  uma  reflexão  estritamente  filosófica  sobre  essas  questões,  mas  apenas  embaraçam-se  com  a  rotina  e  com  os  casuais  eventos  da  vida.  Isso  explica,  grosso  modo,  porque  muitas  pessoas  ateias  não  levam as  implicações  lógicas  do  ateísmo  à  vida  prática.  

E  do  Teísmo  Cristão,  quais  são  as  implicações  lógicas? As  implicações  trazem  consigo  um  consolo  e  paz  inexprimível,  e  carregam  em  si  mesmas  um  sentido,  valor  e  propósito  objetivos  para  a  vida  humana:  elas  significam  que  existe  um  Criador  e  Sustentador  do  Universo,  um  Ser  Supremo  por  excelência;  um  Ser  de  máxima  grandeza,  Infinito  em  glória  e majestade.  Esse  Ser  Bendito  é  a  fonte  dimanante  de  toda  bondade  existente  no  cosmos.  Ele  ama  inenarravelmente  os  seres  humanos,  e  quer  trazê-los  a  um  relacionamento  profundo  com  Ele,  para  sempre.  Destarte,  isso  significa  que  existe  um  propósito  objetivo  para  o  qual  fomos  criados;  e  que,  intrinsicamente,  os  seres  humanos  são  valiosos  e  possuem  obrigações  morais  a  serem  cumpridas,  como  amar  seu  próximo  e  ajudar  a  aliviar  a  dor  e  o  sofrimento  humano. 
Significa, ainda,  que  Deus  tem  um  propósito  para  você  cumprir  nesta   vida!

Na  Cosmovisão  Cristã,  o  homem  desviou-se  do  propósito  original  para  o  qual   Deus  o  criou. Ele  fez  isso  quando  virou  as  costas  para  Deus,  através  do  pecado.  Mas  através  de  Jesus  Cristo  o  nosso  relacionamento  com  Deus  é  restaurado,  e  podemos,  assim,  viver  uma  vida  em  comunhão  com  Ele  enquanto  estivermos  na  Terra;  e,  na  eternidade,  vivermos  para  sempre  junto  dEle,  numa  alegria  e  glória  indizíveis. 

Sem  dúvidas,  a  cosmovisão  teísta-cristã  é  indubitavelmente  preeminente   sobre  o  ateísmo.  


V.  Conclusão

Por  fim,  sinteticamente,  Richard  Dawkins  ―  considerado  um  dos  "quatro  cavaleiros  do  Ateísmo"  ― descreve   o  valor  do  ser  humano  na  cosmovisão  ateísta:  No  final  não  há  nenhum  design,  nenhum  propósito,  nenhum  mal,  nenhum  bem,  nada  mais  do  que  uma  insípida  indiferença  [...]  Somos  máquinas  para  a  propagação  do  DNA  [...]  Essa  é  a   única  e  exclusiva  razão  de  cada  ser  vivo  existir.  
Não  se  faz  necessário  nem  demarcar  a  deprimente  avaliação do  ateu  Richard  Dawkins  quanto  ao  valor  do  ser  humano... 
Concluimos,  portanto,  que  a  existência  de  Deus  faz-se  necessária  para  nós.  Sem  Deus,  a  vida  humana  seria  absurda  ― se  é  que  haveria  vida!

  Não  quero  por  meio  dessa  abordagem  insinuar  que  um  ateu  veja  a  vida  como  algo  maçante,  sem  sentido,  ou  que  ele  não  tenha  propósitos  pessoais,  ou  leve  uma  vida  imoral,  etc.,  mas  sim  dizer  que,  sem a existência de  Deus,  a  vida  humana  é,  em  última  análise, absurda e totalmente  destituída  de  quaisquer  tipos  de  sentido,  valor  ou  propósito.  É  por  implicações  lógicas  como  essa  que  a  Bíblia  define  terminantemente  o  ateísmo  como  loucura,  tanto  perante  Deus  quanto  perante  os  homens  (Sl  14.1;  53.1).

Por:  Daniel  Cardoso.

REFERÊNCIAS  BIBLIOGRÁFICAS:

CRAIG,  W.L.   Em  Guarda:  Defenda  a  Fé  Cristã  com  Razão  e  Precisão.  São  Paulo:  Vida  Nova,  2011.

COSTA,  J.M.  Provas  da  Existência  de  Deus.  1ª  ed.  Rio  de  Janeiro:  Central  Gospel,  2016.    

             

  


    

   




   

O PERIGO DO CRISTIANISMO EMOCIONAL

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