I. Introdução
O Catolicismo Romano frequentemente apresenta objeções à uma das cinco solas protestantes: a Sola Scriptura. Isso porque, na cosmovisão católica, a "Sagrada Tradição" e o "Santo Magistério" estão acima da Bíblia em ordem de autoridade. Mas as argumentativas católicas são desmanteladas ante às verdades expressas na Escritura: Pois puseste a Tua Palavra acima de tudo (Sl 138.2b). Ninguém na Terra está acima da Bíblia!
II. Diferenças Entre as Perspectivas Católica e Protestante Quanto ao Cânon Sagrado
Há uma divergência entre as correntes doutrinárias católica e protestante no que tange ao cânone sagrado, e isso vai além do acréscimo dos livros apócrifos deliberado no Concílio de Trento: a diferença também diz respeito à posição da Igreja ante ao cânon. Para uma melhor elucidação, o eminente teólogo e apologista Norman Geisler (1932-2019) sintetizou as diferenças entre essas duas correntes doutrinárias da seguinte maneira:
Posição Católica sobre o cânon
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Posição Protestante sobre o cânon
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Na prática, o "Santo Magistério" é que determina o sentido e a real interpretação dos textos bíblicos no catolicismo romano. Isso dá uma total atonomia às lideranças clericais de acrescentarem coisas à Bíblia, e esses acréscimos serem acatados pelos fiéis católicos na mesma insuspeição que aceitariam uma doutrina bíblica. Deveras, é isso que aclara como doutrinas que nunca estiveram presentes nas páginas da Sagrada Escritura — como o purgatório, a impecabilidade e virgindade perpétua de Maria, as rezas pelos mortos, o cultos aos santos, a infalibilidade do papa, etc. — estão presentes no credo católico. E isso demonstra de forma incontestável que a negação da suficiência da Escritura abre brechas para grandes heresias. É por isso que a Santa Escritura ordena-nos "provar os espíritos" (1 Jo 4.1), e analisar tudo no seguinte dizer: À Lei e o Testemunho! Se não falarem conforme a Palavra, não há luz neles (Is 8.20).
III. Resposta aos Argumentos Católicos
Objeção 1: A Bíblia nunca afirmou ser a nossa única regra de fé e prática.
Resposta Bíblica: De fato, não há nenhum texto explícito na Bíblia conclamando ser ela o único manual. Contudo, as Escrituras não deixam espaço para "ensinos" e "tradições" que contradigam a sua mensagem. Ela nos manda, antes, repelirmos aos falsos ensinamentos (Gl 1.8), não nos enredarmos por quaisquer ventos de doutrina (Ef 4.14) e não promovermos heresias (2 Jo vv. 10,11); ela nos manda o contrário: que batalhemos pela lídima fé dos santos (Jd v. 3), estando preparados para isso (1 Pe 3.15) e sempre demonstrando a supremacia das Escrituras (Tt 1.9). Todo ensino precisa passar pelo crivo das Santas Escrituras! (Is 8.20; Fp 4.8,9).
Indubitavelmente, há uma incongruência entre o que a Bíblia ensina e o que o Catolicismo advoga. O desejo de Deus sempre foi que o seu povo tivesse contato com as Escrituras (cf. Dt 31.9-13), mas a Igreja Católica, em 1229 — no Concílio de Toledo —, vetou o uso da Bíblia aos fiéis. As consequências da desobediência à essa decisão eram tão penosas que o reformador William Tyndale foi assassinado na fogueira em 1536, em decorrência de ter traduzido a Bíblia para o povo inglês. Como podemos nos resignar ante a tamanho perpetro? Se as doutrinas católicas contrariam claramente as Escrituras e antagonizam-se a elas — a tal ponto de haver proibido-as, além de ter assassinado e perseguido os seus tradutores —, como alguns cogitam ser tal instituição a "Igreja de Cristo"? A inibição das Escrituras aos leigos, deliberada no Concílio de Toledo, resultou-se na perdição de muitos, porquanto foram impedidos de ler o único livro que torna os pecadores "sábios para a salvação" (2 Tm 3.15). Portanto, podemos notar que, toda vez que a tradição é tida como superior às Escrituras, consequências horrendas ocorrem. Destarte, toda mensagem ou tradição que antagoniza-se à Bíblia deve ser pugnada!
Objeção 2: Foi a Igreja quem determinou quais livros seriam os canônicos; logo, ela está acima do cânon sagrado.
A bem da verdade, a Igreja "descobriu o cânon". Ela tão somente reconheceu os verdadeiros livros inspirados. Quem determinou quais livros seriam canônicos ou não foi o próprio Deus; porquanto, foi Ele quem selou os livros com o Seu santo selo: o chamado selo da inspiração. A Igreja apenas reconheceu tais livros, e, impelida pelo Espírito, compeliu-os na Bíblia. O fato da Igreja ter reconhecido os livros inspirados pelo Senhor não a torna superior a eles. Quem propala tais teses mentecaptas comete um erro crasso! A Palavra de Deus está acima de tudo (Sl 138.2) e rege a Igreja — não o inverso! (2 Tm 3.16,17). Ademais, a palavra cânon, etimologicamente, denota uma "vara de medir". Logo, se os livros bíblicos são o nosso "cânon", segue-se que eles devem "medir" e "reger" nossos comportamentos, palavras e ações. E, se são eles os regedores, estão numa posição superior! É a palavra quem rege (Sl 119.105), quem santifica a Igreja (Jo 17.17), quem purifica a Igreja (Jo 15.3; Ef 5.26) quem alimenta-a (1 Pe 2.2) e quem a dá poder para o combate contra as trevas, com a "Espada do Espírito" (Ef 6.17), a armadura com que o cristão pugna contra o arqui-inimigo de Deus e dos homens, juntamente com as demais hostes demoníacas.
Se é a Palavra de Deus quem exerce tamanhas coisas sobre a Noiva do Cordeiro, como pode-se cogitar que a Igreja é "superior à ela"?
O agir do Espírito na Igreja para que ela reconhecesse o cânon foi sendo gradativamente tão forte que, consensualmente, a Igreja concordou em quais livros eram verdadeiramente inspirados pelo Altíssimo. O Santo Espírito testificou nos corações. Coisa que não aconteceu no Concílio de Trento, em 1546, quando as brigas concernentes aos livros apócrifos — aceitos pelo catolicismo — tornaram-se tão intensas que, em pleno concílio, 40 dos 49 bispos presentes travaram uma luta corporal, agarrados às barbas e batinas uns dos outros... Foi nesse ambiente "espiritual" que os livros apócrifos foram aprovados!
A bem da verdade, a Igreja "descobriu o cânon". Ela tão somente reconheceu os verdadeiros livros inspirados. Quem determinou quais livros seriam canônicos ou não foi o próprio Deus; porquanto, foi Ele quem selou os livros com o Seu santo selo: o chamado selo da inspiração. A Igreja apenas reconheceu tais livros, e, impelida pelo Espírito, compeliu-os na Bíblia. O fato da Igreja ter reconhecido os livros inspirados pelo Senhor não a torna superior a eles. Quem propala tais teses mentecaptas comete um erro crasso! A Palavra de Deus está acima de tudo (Sl 138.2) e rege a Igreja — não o inverso! (2 Tm 3.16,17). Ademais, a palavra cânon, etimologicamente, denota uma "vara de medir". Logo, se os livros bíblicos são o nosso "cânon", segue-se que eles devem "medir" e "reger" nossos comportamentos, palavras e ações. E, se são eles os regedores, estão numa posição superior! É a palavra quem rege (Sl 119.105), quem santifica a Igreja (Jo 17.17), quem purifica a Igreja (Jo 15.3; Ef 5.26) quem alimenta-a (1 Pe 2.2) e quem a dá poder para o combate contra as trevas, com a "Espada do Espírito" (Ef 6.17), a armadura com que o cristão pugna contra o arqui-inimigo de Deus e dos homens, juntamente com as demais hostes demoníacas.
Se é a Palavra de Deus quem exerce tamanhas coisas sobre a Noiva do Cordeiro, como pode-se cogitar que a Igreja é "superior à ela"?
O agir do Espírito na Igreja para que ela reconhecesse o cânon foi sendo gradativamente tão forte que, consensualmente, a Igreja concordou em quais livros eram verdadeiramente inspirados pelo Altíssimo. O Santo Espírito testificou nos corações. Coisa que não aconteceu no Concílio de Trento, em 1546, quando as brigas concernentes aos livros apócrifos — aceitos pelo catolicismo — tornaram-se tão intensas que, em pleno concílio, 40 dos 49 bispos presentes travaram uma luta corporal, agarrados às barbas e batinas uns dos outros... Foi nesse ambiente "espiritual" que os livros apócrifos foram aprovados!
IV. Conclusão
Os salvos em Cristo devem ser regidos somente pelas Santas Escrituras. Não devem ir além do que está escrito (1 Co 4.6), por preceitos e doutrinas de homens (Cl 2.22), ou mesmo pela "tradição" (Mt 15.3,6; Mc 7.9). Na Escritura está "todo o conselho de Deus" (At 20.27) — e isso dispensa a necessidade de qualquer outro manual ou regra. Portanto, a suficiência das Escrituras é tão patente, que nós, protestantes, somos levados a conclamar o "grito de guerra" da Reforma com cada vez mais ímpeto: Sola Scriptura!
Por: Daniel Cardoso.
BIBLIOGRAFIA:
Biblia Apologética com Apócrifos. 1ª ed. São Paulo: ICP, 2015.
GILBERTO, A. A Bíblia Através dos Séculos. 15ª ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
Por: Daniel Cardoso.
BIBLIOGRAFIA:
Biblia Apologética com Apócrifos. 1ª ed. São Paulo: ICP, 2015.
GILBERTO, A. A Bíblia Através dos Séculos. 15ª ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
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