segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

ANJO DA GUARDA: MITO OU REALIDADE?



  I.     Introdução

   Neste  estudo,  ver-se-á  o  por  que  da  ideia  da  existência  de  "anjos  da  guarda"  designados  para  acompanhar  cada  crente  durante  toda  sua  lida  terrena  não  possuir  sustentação  bíblica; não  está  arrimada  à  Sagrada  Escritura!  Destarte,  não  pode  ser  resignada,  mas  combatida.  Deveras,  tal  tradição  dimana  do  período  interbíblico  (séc. IV a.C. -  séc. I AD),  um  período  de  apostasia  do  povo  judeu,  concomitantemente  com  a  escrita  dos  livros  apócrifos  e/ou  pseudo-epígrafos,  donde  surgiram  amiúdes de  concepções  errôneas,  doutrinariamente  falando.

   Essa  tradição  da  existência  de  "anjos  da  guarda" permeou  vários  séculos,  e  até  hoje  está  presente  em  algumas  denominações.    Trata-se  de  uma  total  incompreensão  da  doutrina  bíblica  dos  anjos  ―  angelologia  ―  e  de  "um  vento de  doutrina" que  deve ser  evitado (cf. Ef 4.14).  

  II.   Quem  São  os  Anjos? Quais  as  Suas  Funções?

   Consoante  as  Sagradas  Escrituras,  os  anjos  são  criaturas  espirituais  (Cl  1.16),  celestiais  (Lc  22.43),  imortais  (Lc 20.36),  assexuados  (Lc  20.34,35),  poderosos  (Sl  103.20),  numerosos  (Dt  33.2; Dn 7.10; Hb  12.22;  Ap  5.11)  e  mensageiros  de  Deus  (1 Rs  19.5-7).  Possuem  uma  autoridade  delegada  pelo  próprio  Jeová  ― que  lhes  pôs  por  maiorais  entre  suas  criaturas  (cf.  Sl  8.5; Hb 2.7; 2 Pe 2.11).  

      As  Escrituras  ainda  informam-nos  que  existem  os  anjos  bons  e  maus.  Os  primeiros  sujeitam-se  a  Deus  (Sl 103.20),  sendo  seus  ministros  (Hb  1.14).  Os  outros,  por  sua  vez,  são  os  anjos  caídos,  que  não  retiveram  o  seu  principado  (cf. Jd v. 6);  antes,  deram  ouvidos  a  Lúcifer  ―  tradução  da  Vulgata latina  para  "portador  da  luz"  (cf. Is  14.12)  ―,  aquele  que  transformou-se  no  arqui-inimigo  de  Deus  e  dos  homens,  e  autor  da  perdição,  do  mal,  do  pecado  e  das  trevas.   

     A  bem  da  verdade,  existem  anjos  que  protegem  os crentes.  São  enviados  por  Deus para  nos  livrar  (Sl  91.11). Observam a  nossa  conduta  cristã  diária (cf. 1 Tm 5.21), e  depois  assistem  perante  Deus  (Mt  18.10).  Esses  anjos  estão  presentes  nas  reuniões  dos  santos  (cf. 1 Co 11.10),  e  alegram-se  muito quando  uma  alma  se  rende  a  Cristo  (Lc  15.7-10).  Executam,  quando  designados  pelo  Divino,  juízos  contra  os  adversários  da  Igreja  (cf.  At  12.23),  ou  também  contra  crentes  rebeldes  (1 Cr  21.16).  São,  de  fato,  ministros  de  Deus  que  cooperam  com  aqueles  que  hão  de  herdar  a  salvação  (Hb  1.14).  São  cooperadores  na  obra  evangelizadora,  não  de  forma  direta  (cf. 1  Pe  1.12),  mas  indiretamente;  assim  fizeram  com  Filipe (cf. At 8.26 e  ss)  e  com  Pedro  (cf.  At  10.1-7).  São  verdadeiros  auxiliadores  dos  santos!  

    Entretanto,  a  ideia  de que  cada  crente  possui  um  anjo  restritamente  para  a  sua  guarda  não  possui  sustentação  bíblica.  Os  anjos  estão  à  mercê  dos  fiéis;  contudo, somente  obedecem  ao  Senhor  (cf.  Sl  103.20,21; 1 Pe 3.22),  e  não  a  nós.  Por  conseguinte,  não  são  nossos  "servos",  ou  "guardiões"  exclusivamente  nossos.  Quem  pensa  assim  está  completamente  equivocado,  porquanto  o  testemunho  das  Escrituras  não  atesta  isso!  Os  supostos  "anjos  de  guarda",  conjecturamente  presentes  em  alguns  textos  bíblicos,  não  são  o  que  é  tão  "conclamado"  por  muitos.   Provar-se-á  isso  a  seguir.  

   III.    Resposta  aos  Textos  Apontados  pelos  Defensores  da  Tese  do  "Anjo  da  Guarda"

      De  todos  os  textos  apontados  pelos  defensores  da  tese  do  "anjo  da  guarda",  três  são  os  mais  apresentados,  os  quais  serão  respondidos  à  luz  da  Palavra  de  Deus.




    

           



     

• Mateus  18.10:  Vede,  não  desprezeis  nenhum  destes  pequeninos,  porque  eu  vos  digo  que  os  seus  anjos  nos  céus  sempre  veem  a  face  de  meu  Pai  que  está  nos  céus.

     Este  texto  bíblico  somenta  realça  e  frisa  a  realidade  de  que  os  anjos  cuidam  dos  filhos  de  Deus.  A  expressão  "pequeninos",  usada  por  Cristo,  era  utilizada  por  Ele  regularmente  para  se  referir  a  seus  discípulos  (cf.  Mt  10.42;  Mc  9.42;  Lc  17.2,  etc.).  Ademais,  analisando-se  o  contexto  imediato  da  passagem  em  foco,  vê-se  que  Cristo  utilizou  o  termo  "pequeninos"  poucos  versículos  antes,  para  aludir  aos  discípulos  (cf.  Mt  18.6).  Assim  sendo,  uma  boa  hermenêutica  nos  dirá  que  os  "pequeninos"  referidos  por  Cristo  como  recebendo  um  cuidado  especial  dos  anjos  trata-se  dos  próprios  crentes.  

     Contudo,  o  texto  em  foco  não  diz  mais  do  que  isso.  Devemos  aprender  a  "não  ir  além  do  que  está  escrito"  (1  Co  4.6).  De  modo  algum  o  Senhor  está  aqui  mencionando  "anjos  da  guarda".  Pelo  contrário:  aqui  temos  a  informação  de  que  os  anjos  estão  na  presença  de  Deus,  adorando  e  louvando  ao  Pai,  e  não  que  cuidam  individualmente  das  pessoas  neste  mundo.  


•  Atos  12.11-15:  E  Pedro,  tornando  a  si,  disse:  Agora,  sei,  verdadeiramente,  que  o  Senhor  enviou  o  seu  anjo e me  livrou  da  mão  de  Herodes  e  de  tudo  o  que  o  povo  dos  judeus  esperava.  E,  considerando  ele  nisso,  foi  à  casa  de  Maria,  mãe  de  João,  que  tinha  por  sobrenome  Marcos,  onde  muitos  estavam  reunidos  e  oravam.  E,  batendo  Pedro  à  porta  do  pátio,  uma  menina  chamada  Rode  saiu  a  escutar.  E,  conhecendo  a  voz  de  Pedro,  de  alegria  não  abriu  a  porta,  mas,  correndo  para  dentro,  anunciou  a  todos  que  Pedro  estava  à  porta.  E  disseram-lhe:  estás  fora  de  ti.  Mas  ela  afirmava  que  assim  era.  E  diziam:  é o  seu  anjo.  

     O  apóstolo  Pedro  havia  sido  liberto da  mão  de  Herodes  Agripa  I  (11 d.C. -  44  d.C.)  por  um  anjo  de  Deus.  Entrementes,  a  igreja  reunida  na  casa  de  Maria  ―  mãe  de  Marcos  orava  com  instância  ao  Altíssimo  por  Pedro,  que  estava  batendo  na  porta.  Rode  saiu  a  escutar.  Quando  notou  que  era  Pedro,  alegrou-se  e  imediamente  anunciou  aos  irmãos.  Os  crentes  ouviram  isso  duvidando:  pensavam  que  Rode  estava  alienada!  Contudo,  devido  a  sua  relutância,  mudaram  de  parecer:  interpretaram  aquilo  como  sendo  o  "anjo  de  Pedro"  os  visitando. 

      Conforme  salientado  na  introdução,  o  pensamento  de que  existem  "anjos  da  guarda"  é  uma  tradição  que  dimana  do  período  interbíblico  ―  os  400  anos  que  separaram  a  escrita  dos  dois  testamentos  ―,  e  que  já  vinha  há  tempo  sendo  embutida  na  mente  dos  judeus.  A  própria  tradição  judaica  antiga  havia  incorporado  essa  concepção.

      Segundo  essa  tradição,  o  suposto  anjo  da  guarda  assume  a  semelhança  daquele  que  o  acompanha.  Sendo  assim,  quando  os  crentes  interpretaram  aquele  que  batia  na  porta  como  o  "anjo  de  Pedro",  eles  apenas  refletiram  os  resquícios  da  tradição  judaica,  donde  vieram.  Os  primeiros  convertidos  foram  judeus  (cf.  At  13.46).  Oito  mil  judeus  e  prosélitos  constituiam  os  primeiros  fiéis  (cf.  At  2.41; 4.4).  Portanto,  deve-se  observar  que,  como  eles  vieram do  judaísmo,  retiveram  em  suas  mentes  alguns  dos  vestígios  da  tradição  judaica,  dentre  eles  a  ideia  da  existência  de  "anjos  da  guarda";  pois  não  há  registro  dos  apóstolos ensinando  essa  tese  aos  fiéis.

       Além  disso,  a  ideia  de  que  aquele que  batia  na  porta  era  o  "anjo da  guarda"  de  Pedro  não  era  consensual  entre  os  irmãos.  Rode  ―  uma  jovem  possivelmente  criada  na  religião  cristã,  sem  ter  tido  influências  do  judaísmo  ―,  conheceu  a  "voz  de  Pedro"  e  interpretou  aquilo  como  sendo  literalmente  o  apóstolo;  ademais,  ela  anunciou  que  "Pedro  estava  à  porta"  (At  12.14).  Isso  mostra  que  nem  todos  criam  na  suposta  visita  do  "anjo  de  Pedro"  à  casa.
      
      Em  síntese,  o  livro  de  Atos  dos  Apóstolos  não  tem  por  finalidade  primária  ser  um  tratado  doutrinário,  mas  sim  histórico.  Tinha  por  objetivo  narrar  o  desenvolvimento   da  Igreja  do 1°  século da Era  Cristã. A  narrativa  fala,  a  grosso  modo,  do  plano  de  expansão  do  Evangelho:  Jerusalém,  Judéia,  Samaria  e  confins  da  terra  (At  1.8).   Por  conseguinte,  o  livro  cita  eventos  e  histórias  que  ocorreram  na  Igreja  Primitiva  nessa  sua  missão,  e  que  não  são  necessariamente  regras,  ou  doutrinas.  Lucas  cita,  por  exemplo,  que  "os  lenços  e  aventais  de  Paulo  eram  levados  aos  enfermos,  e  as  enfermidades  fugiam  deles"  (At  19.12),  algo  que  limitou-se  somente  a  Éfeso,  e  que  não  deve  ser  repetido  nos  dias  atuais. No  caso  suprarreferido  de  Pedro,  deve-se  observar  que  Lucas  apenas  redigiu  a  fala  daqueles  crentes,  e  as  suas  respectivas interpretações  sobre  quem  estava  à  porta ―  que  poderiam  estar  certas  ou  erradas.  Tão  somente  isso!  Quem  utiliza  desse  texto  para  fundamentar  a  tese  antibíblica  de  que  existem  "anjos  da  guarda" precisa  ignorar  várias  regras  hermenêuticas!       


    IV.  Conclusão

    Ficou  provado,  à  luz  das  Santas  Escrituras,  que a tese  que  sustenta  a  existência  de  "anjos  da  guarda"  é  inconsistente  e  antibíblica;  derivando-se  da  tradição, e não  da  Escritura.  A  Igreja  de  Colossos  estava  agasalhando  sérios  erros  doutrinários  — inclusive  no  que  tange  aos  anjos (Cl  2.18) — devido  à  tradição,  aos  preceitos,  e  a  doutrina  de  homens  (cf. Cl 2.22).

      Temos  por  certo  de  que  a  crença  em  "anjos  da  guarda"  é  um  dos  muitos  mitos  populares  a  respeito  dos  anjos;  uma  "tradição"  que  permeou  até  os  nossos  dias.  Destarte,  existe  uma  única  maneira  de  demitologizar  as  fantasias  populares  a  respeito  dos  anjos:  voltar  à  realidade  bíblica.






       



   



   

sexta-feira, 15 de novembro de 2019

A ORAÇÃO


 I.    O  Que  é  a  Oração?

   A  palavra  oração  vem  do  grego  προσευχή,  que  aparece  37  vezes  no  Novo  Testamento.  Outro  termo  que  designa  a  prática  da  súplica  ao  Todo  Poderoso  é  deomai  —  transliteração de  δεομαι.  Segundo  o  Dicionário  Bíblico  Strong,  δεομαι  significa:  carecer,  necessitar;  desejar,  ansiar  por  algo;  pedir,  suplicar;  orar,  fazer  súplicas.  Com  efeito,  é  empregado  para  expressar  as  orações  do  crente  ao  Altíssimo,  em cuja prática  o  cristão  reconhece  sua  total  carência e dependência  de  Deus,  concomitantemente  com  sua  aspiração  por  Sua  presença:  Como  o  cervo  brama  pelas  correntes  de  águas,  assim  supira  a  minha  alma  por  Ti, ó  Deus! A  minha  alma  tem  sede  de  Deus,  do  Deus  vivo;  quando  entrarei,  e  me  apresentarei  ante  a  face de  Deus?  (Sl 42.1,2).  
   
   As  Sagradas  Escrituras  revelam-nos  que  a  oração  é  uma  aproximação  da  pessoa  a  Deus,  por  meio  de  palavras  ou  pensamentos;  em  particular  ou  em  público.  Inclui  confissão (Sl 51), adoração (Sl 95.6,7; Ap 11.17),  comunhão  (Sl 103.1-8),  gratidão  (1 Tm 2.1),  petição  pessoal  (2 Co 12.8)  e  intercessão  pelos  outros  (Rm 10.1).  Foi  o  meio  que  Jeová  escolheu  para  manter  um  vínculo  com  o  ser  humano.  Outrora,  era  possível  ver  o  Senhor  pessoalmente,  pois  o  pecado  não  havia  encetado-se  (Gn 3.8).  Após  o  pecado  empregnar-se  na  raça  humana,  e  haver  depravado  nossa  matéria,   o  Senhor  ainda  proporcionou  uma  maneira  de  a  humanidade  ter  contato  com  Ele:  a  oração.  
   
   Aqueles  que  foram  regenerados  por  Cristo,  tornando-se  filhos  de  Deus  (Jo 1.12; Tt 3.5),  sentem  em  seu  íntimo  a  necessidade  do  diálogo  com  o  Pai  celestial  constantementemente  (1 Ts 5.17);  de  sorte  que,  como  filhos, "andamos  com  Deus"  (Cl 2.6; 1 Ts 4.1), numa  comunhão  indescritível  com  Ele,  alimentada  através  da  oração.  Somente  através  dela  o  crente  pode  manter-se  firme;  digamos,  pois: Longe  de  mim  que  peque  contra  o  Senhor,  deixando  de  orar...  (1 Sm 12.23).   


II.  A  Oração  e  o  Mundo  Espiritual

   A  oração tem valor  fundamental  espiritualmente. O  apóstolo Paulo,  após  citar  as  armaduras  de  Deus  em  Efésios   6, termina  sua  descrição  orientando  aos  irmãos  a  "orarem  em  espírito",  em  constantes  súplicas  ao  Todo-Poderoso  (v. 18).  Deveras,  queria  ele  demonstrar  que,  por  mais  que  as  armaduras  sejam  para  uso  do  soldado  na  batalha,  a  oração  é  essencial para  a pertinácia  do  soldado  nela.  Em  suma,  sem  a  oração  o  crente não  cumprirá  efetivamente  a  tarefa  designada   por  aquEle que  o  alistou  para  a  guerra;  sem  contato  com  Deus,  será  presa  fácil  de  "embaraços"  (2 Tm 2.4,5), e  de  "setas  inflamadas"  do  maligno  (Ef  6.16).  Nos  tempos  antigos,  flecha,  dardo  e  lança  eram  por  vezes  adaptados  para  levarem  materiais  incandescentes  ao  adversário.  Com  o  tempo,  tais  materiais  foram  chamados  de  "setas  inflamadas". A  Escritura  utilizou-as como  exemplo para  tipificar  a  maneira  como  Satanás  procura  destruir  os  servos  de  Jeová.  O  salmista  Davi  escreveu  que  aquele  que  habita  no  esconderijo  do  Altíssimo  não  temerá  "seta  que  voe  de  dia" (Sl 91.5) —  referindo-se  às  inflamadas  pelo  fogo.  Decerto,  o  Senhor  lhes  cobrirá  com  seu  poder;  separará  para  Si  aquele  que  Lhe  é  querido —  o  que  ora  (Sl 4.5),  e  o  livrará  dos  intentos  do  maligno;  porém,  àqueles  que  não  oram,  as  setas  lhes  perfuram  e  eles subsequentemente  naufragam  na  fé  (1 Tm 1.19). 

   O  teólogo  e  avivalista  Charles  Finney  (1792-1875),  descreveu  algumas  características  típicas  do  cristão  que  deixa de  orar; dentre  elas:  

• Perseguir  os  que  vivem em oração, chamando-os  de  fanáticos;  

•  Ser  cada  vez  mais  cético  à  experiências  espirituais; 

 • Postular  contra  avivamentos,  perturbando-se  com  eles.  

Finney  continuou  a  escrita  advertindo  as  consequências do  vazio  espiritual  e  da  falta  de  oração:  


[Se não orar] você  terá  uma  boa  reputação  com  o  impenitente  e  com  os  mundanos  professos.  Eles  o  elogiarão  como  "um  cristão  racional,  ortodoxo  e  consistente".  Você  será  eleito  para  andar  com  eles,  pois  será  considerado  adequeado.
   
    Nos  dias  desse  célebre  pregador,  as  igrejas  estavam  tomadas  por  uma  formalidade  gigantesca, e  desdouravam  a  oração.  A  "crise"  de  manifestações  espirituais  já  era  gradativamente notória. Entrementes, o filósofo  ateu  Nietzshe,  em  sua  ironia,  chegou  ao  ponto  de  proclamar  a  morte  de  Deus,  e  sustentar  que  a  igreja  era  o seu cemitério. O  motivo  que  o  levou  a  declarar isso  foi notar  que  não  havia  espiritualidade  alguma  nas  igrejas  de  seu  tempo,  somente  academicismo e teorias;  não  sentia que os  cristãos viviam  a  essência  do  Cristianismo de que  tanto  falavam.  Certo  é  que  a  Igreja  deve  prezar  pelo  estudo;  entretanto,  não  podemos  deixar  que  a  formalidade  nos  tire  o  fervor;  cresçamos,  antes,  de  modo  concomitante  na  "graça  e no  conhecimento"  de  nosso  Senhor  Jesus  Cristo  (2 Pe 3.18). 

   Em  linhas  gerais,  as  Escrituras  apresentam  2  tipos  de  oração.  O  apóstolo  Paulo  apresenta-as  e discursa  a  importância  de  praticar  ambas:  Que  farei,  pois? Orarei  com  o  espírito,  mas  também  orarei  com  o  entendimento  (1 Co 14.15a).  Por  conseguinte,  há  a  oração  com/no espírito, e  a  oração  com  o  entendimento.  Fica  subentendido  no  capítulo  que  a  oração  em  espírito  referia-se  àquela  que  ninguém  entende,  senão  Deus  (v.  16);  uma  clara  referência  às  línguas  (v. 2).  Já  a  oração  em  entendimento  refere-se  àquela  presente  no  conceito  geral  das  Escrituras,  em  cuja  prática  nos  dirigimos  a  Deus,  mantendo  um  diálogo  lógico  e  conhecido  pela  mente  humana.  

   Mais  adiante,  Paulo  assevera  a  importância  da  oração  em  espírito  no mundo espiritual  (Ef  6.18).  Trata-se  da  arma  secreta  de  Deus,  que  Ele  utiliza  para  vitória  de  Sua  igreja  contra  o  Império  das  Trevas. O  Espírito  Santo  guia-nos  por  meio  das  línguas  a  orar  como  convém  em cada situação. Somos  edificados  na  fé,  orando nas  palavras  que  o  Santo  Espírito  nos  concede  a  falar  (cf. Jd v. 20).                  

         
III.  Ensina-nos  a  Orar...

   Deveras,  os  discípulos  admiravam  a  vida  de  oração  constante  e  ininterrupta  que  Jesus  tinha.  Há  constantes  menções  nos  Evangelhos  que  testificam  o  vínculo  que  Cristo  tinha  com  Seu  Pai,  depositando  várias  horas  em  diálogo  com  Ele  (Mt 14.23; 26.36;  Mc 1.35; 6.46; 14.32; 15.34; Lc 5.16; 6.12; 9.28; 22.32; 23.34,46; Jo 12.28; 17.9).  
    Numa  dessas  ocasiões,  assim  que  Cristo  terminou  a  oração,  seus  discípulos  pediram-Lhe:  Senhor,  ensina-nos  a  orar...  (Lc  11.1).  Jesus  respondeu-lhes:  Quando  orardes, dizei: Pai,  santificado  seja  o  Teu  nome;  venha  o  Teu  Reino; dá-nos  cada  dia  o  nosso  pão  cotidiano; perdoa-nos  os  nossos  pecados,  assim  como  nós  perdoamos  a  qualquer  que  nos  deve;  e  não  nos  conduzas  em  tentação,  mas  livra-nos  do  mal  (Lc  11.2-4).

   O  objetivo  de  Cristo  não  era  criar  uma  reza   —  do  latim  recitare,  que  significa  recitar,  repetir  —  visto  que  Ele  mesmo  condenou-a  (Mt 6.7);  mas  sim  estabelecer  uma  oração  modelo,  instruindo-nos  na  maneira  como  devemos  nos  dirigir  ao  Pai  Celestial.  Fica  subentendido  aqui  que  esta  oração  de  Cristo  é  concomitantemente  pessoal  e  intercessória  — isto  é,  pedimos  tanto  por  nós  quanto  pelos  outros  — através  do  termo  nosso,  que  indica  pluralidade.  Em  suma,  tal  termo  aparece  tanto  na  palavra  Pai  (Pai  nosso, Mt 6.9); no  substantivo  pão  (pão  nosso  de  cada  dia,  Mt 6.11); e  no  pedido  de  perdão  (Perdoa-nos  os  nossos  pecados, Lc  11.4).  Claramente,  vemos  aqui  uma  oração  em  que  não  somente  se  pede  por  si  mesmo,  mas  também  pelos  demais.  Uma  oração  intercessória,  amorosa;  e,  acima  de  tudo,  onde  o  Pai  é  glorificado.  Este  é,  deveras,  o  desejo  de  Deus  na  nossa  oração!  

   Além  de  a  Oração  Dominical  ser  concomitantemente  pessoal  e  intercessória,  ela  é  carregada  de  princípios  primordiais  que  precisam  estar  em  nossas  orações.  Cristo  estabelece  este  modelo  a  partir  de  alguns  termos  que  deixam  claro  a  maneira  como  devemos  orar:

    Pai  Nosso   denota  intimidade  pessoal  com  o  Senhor.  No  AT,  raramente  empregava-se  esse  termo  nas  orações  ao  Altíssimo. Agora,  porém,  Cristo  proporciona-nos uma  nova vida  de  comunhão  e  relacionamento  com  Deus,  como  nunca antes obtido pelo  ser  humano. 

  Santificado  seja  o  Teu  nome    denota  adoração. ευχαριστια  é  uma  palavra  grega  que,  nas  Sagradas  Escrituras,  era  usada  para  se  falar  de  ação  de  graças e  o  ato  de  adorar  ao  Todo-Poderoso.  Note-se,  pois,  que  a  adoração  ao  Senhor  nas  súplicas  que  Lhe  dirigimos  é  tão  importante, que  o  Santo  Livro  de  Deus —  a  Bíblia  —  empregou  um termo  grego  restritamente  para  a  isso  designar!  Com  efeito,  o  Pai   procura  os  verdadeiros  adoraradores,  que  o  adorem  em  espírito  e  em  verdade  (Jo 4.23,24).  YHWH  deseja  que  o  adoremos  com  consciência  (Jo 4.22),  reverência  (Sl 89.7),    (Hb 11.6)  e  obediência  (Dt 28.1; Lc 6.46; Jo 14.15; Fp 1.11); e que  venhamos  prestar-Lhe  adoração  por  Seus  atributos,  principalmente  por  Sua  santidade  (1 Cr 16.29; Sl 29.2; 96.9; 99.9). Por  conseguinte,  santificado  seja  o  Teu  nome  estabelece  o  princípio  da  prece  sob  o  preceito  da  adoração.  

    Venha  o  Teu  Reino  —  essas  palavras  do  Mestre  são  muito  mais  do  que  uma  sugestão  para  se  orar  por  um  dia  milenar  distante,  pois  tudo  nessa  oração  é  atual.  Sendo  assim, temos  de  pedir  o  estabelecimento  da  lei  de  Deus  não  apenas  em  sua  consumação  no  tempo  vindouro,  mas  em  nossas  vidas  e  em  situações  atuais.  Cristo  insinua  aqui  a  abnegação  das  vontades  humanas, e uma  submissão  à  vontade  de  Deus  no  tempo  presente. Com  efeito,  o  cristão,  até  mesmo  nas  vicissitudes  da  vida,  deve  orar  a  fito  da  vontade  do  Altíssimo ser  feita  (cf. Mt 6.10).  Com  instância,  roguemos  ao  Pai  para que  Sua  vontade  seja  cumprida  em  nós  plenamente!

    Dá-nos  [...]   —  Jesus  estimula  aqui  a  oração  para  necessidades  físicas  e  petições  pessoais.  Efetivamente,  o  Mestre  diz-nos:  Pedi, e  dar-se-vos-á;  buscai, e  encontrareis; batei,  e  abrir-se-vos-á  (Mt  7.7).  A  Sagrada  Escritura  incentiva-nos  a  pedir  quando  os  pedidos  são  ligados  à  vontade  de  Deus;  e,  principalmente,  quando  estão  interligados  com  preocucações  sobre  Seu  Reino.  Pedidos  como  a  efusão  do  Espírito  (cf. Lc 11.13), e sabedoria  (cf. Tg 1.5),  tem  garantia  de  estarem  ligados  à  vontade  de  Deus;  entretanto,  o  Livro  do  Senhor  adverte-nos:  Peça  com  fé,  não  duvidando; porque  o  que  duvida  é  semelhante  à  onda  do  mar,  que  é  levada  pelo  vento  e  lançada  de  uma  para  outra  parte.  Não  pense  tal  homem  que  receberá  do  Senhor  alguma  coisa  (Tg 1.6,7). 

     Perdoa-nos  os  nossos  pecados  [...]  —  o  perdão  é  uma  necessidade  que  o  ser  humano,  depravado  pelo  pecado,  tem.  A  raça  humana  está  corrompida  (cf. 2 Cr 6.36; Sl 14.2,3; 53.2,3; Mq 7.2; Rm 3.10-12),  e  carece  de  ser  perdoada. Sendo  assim,  o  Mestre  ensina-nos  aqui  que  devemos  de  todo  coração  suplicarmos  o  perdão  do  Onipotente.  É  nosso  dever,  literalmente,  "lamentar  e  chorar  nossas  misérias"  (cf. Tg 4.9,10),  e  reconhecer  que  se  não  fora  o  amor  do  Senhor,  já  teríamos  sido  consumidos  (cf. Lm 3.22).  Uma  das  maneiras  de  agradecermos-Lhe  por  Sua  misericórdia  e  bondade  é  perdoando  ao  nosso  próximo,  demonstrando  o  amor  de  Deus. Se  não  agimos  assim,  somos  ingratos;  e,  dos  tais,  o  próprio  Jesus  advertiu:  Se  não  perdoardes  aos  homens  as  suas  ofensas,  também  o  vosso  Pai  não  perdoará  as  vossas (Mt 6.15).

      Não  nos  conduzas  em  tentação,  mas  livra-nos do mal —  Clararamente  vemos  aqui  uma  aspiração  por  santidade.  Jesus  corroborou  mais  adiante  em  Sua  oração  sacerdotal,  ao  dizer: Não  peço  que  os  tires  do  mundo,  mas  que  os  livres  do  mal  (Jo 17.15).  O  cristão,  por  mais  que  seje  "peregrino  e forasteiro"  (cf. 1 Pe 2.11),  não  pode  negligenciar  o  perigo  que  o  cerca,  se  deixar  de  ter  os  olhos  fitos  no  General  (cf. Hb 12.2; 2 Tm 2.4).   Assim  sendo,  deve  pedir  com  instância  ao  Pai  Celestial  que  Ele  livre-o  de  cair  nas  tentações  do  vil  tentador; e  que,  antes,  possa  ser  firme  e  estribado  na  Rocha  firme  e  singular:  o  Cristo  de   Deus!  (cf. Mt 7. 24,25).  Pois N'Ele  estamos  seguros;  nada  nos  atingirá.


     Conclusão

    Diferente  das  miríades  e  miríades  de  deuses  existentes  no  mundo,  o  nosso  Deus  é  o  Único  e  Verdadeiro  (Jo 17.3).  Sendo  assim,  aprouve  a  Ele  colocar  algo  em  Seu  povo  que  distingui-se-o  de  qualquer  outro:  a  intimidade.  Desde  o  Antigo  Testamento,  Jeová  prometeu  que  aqueles  que  Lhe  obedecerem  serão  conhecidos  pela  comunhão  e  relacionamento que  terão  com  Ele;  de   sorte  que  até  as  nações  diriam:  Que  gente  há  tão  grande,  que  tenha  deuses  tão  chegados  como  o  Senhor  Deus,  todas  as  vezes  que  o  chamamos?  (Dt 4.7).  Deveras,  a  comunhão  que  o  Altíssimo  deseja  ter  com  Seu  povo  é  tão  grande,  que  Ele  disse:   Antes  que  clamem,  Eu  responderei; estando eles ainda  falando,  Eu os ouvirei  (Is  65.24).  Porém,  esta  comunhão  só  é  possível  através  da  oração.   A  vontade  de  Deus  será  cumprida  efetivamente  em  nossas  vidas  se  vivermos  orando.   Não  negligenciemos  esta  verdade!  Ademais,  a  vinda  do  Senhor  se  aproxima,  e  acerca  disso  disse  Pedro: Já  está  próximo  o  fim  de  todas  as  coisas;  portanto,  sede  sóbrios  e  vigiai  em  oração  (1 Pe 4.7).  Que  possamos,  assim,  "remir  o  tempo"  (Ef 4.16)  em  oração  ao  Senhor,  porquanto somente  assim  venceremos  e  estaremos  "em pé  perante  o  Filho  do  Homem"  naquele  grande  dia  (cf.  Lc 21.36).  Amém!

Por:  Daniel  Cardoso.

   BIBLIOGRAFIA

  Bíblia  de  Estudo  Plenitude.  Barueri (SP): SBB,  2001.

  Dicionário  da  Bíblia  de  Almeida.  Barueri  (SP):  SBB, 1999.

  FINNEY,  C.G.  Princípios  da  Oração:  Aprenda  a  orar  com  poder.  São  Paulo:  Vida,  2011.  

   STRONG,  J.  Dicionário  Bíblico  Strong.  Barueri  (SP):  SBB, 2002.

   REGA,  L.S;  BERGMANN,  J.  Noções  do  Grego  Bíblico: Gramática  Fundamental.  São  Paulo: Vida  Nova,  2004.

quinta-feira, 31 de outubro de 2019

A REFORMA PROTESTANTE

 

    I.  Introdução

   Hoje,  dia  31  de  outubro,  fazem-se  502  anos  que  Lutero,  em  1517, gravou  suas  95  teses  na  porta  da  Igreja  de Wittenberg/Alemanha.  Doravante,  inicia-se  a  Reforma  Protestante ―  movimento  que  teve  como  objetivo  primário  a  volta  à  essência  do  cristianismo,  e  que  tem  alcançado  em  largos  passos  o  Brasil  e  o  mundo.  

  II.  Causas  da  Reforma

    Muitos   fatores   favoreceram  o  Protestantismo  desde  os  seus  primórdios.  Vários  historiadores  empenham-se  na  busca  desses  aspectos  que  contribuíram  para  o  seu  crescimento.  Podemos  destacar  alguns  desses fatores  para  o rebentamento rápido e bem-sucedido  do  Protestantismo:


   O  Fator  Político

   Foi,  sem  dúvida,  uma  das  causas  da  eclosão  da  Reforma.  As  nações  centralizadas ao  Noroeste  da  Europa  opunham-se  à  noção  de  uma  igreja  universal  que  reinvindicasse  jurisdição  sobre  o  Estado  nacional  e  seu  governo.   Tinham  a  noção  de  que  as  autoridades  deviam  ser  independentes,  e  não  submetidas  à  Igreja  Católica.  
    Um  exemplo  de  como  este  fator  molestava  os   governantes  é  o  caso  de  Henrique  VII,  que  rompeu  com  a  Igreja  Romana  por  conta  de  seu  divórcio  com  Catarina  de  Aragão;  ato  reprovado  pelo  papa  Clemente  VII.  

    Fator  Econômico

   Amiúdes   de  terras   da  Igreja  Romana  na  Europa  ocidental  eram  cobiçadas  por  governantes  nacionais.  Eles  lastimavam  a  perda  do  dinheiro,  que  era  enviado  para  o  tesouro  papal  em  Roma.   Enquanto  o  clero  estava  isento  de  impostos,   os  Estados  Nacionais   eram  requeridos  à  pagarem fortunas  para  a  angariação  da  ICAR  ―  Igreja  Católica  Apostólica  Romana.  Esse  abuso  acarretou-se  em  revolta  dos  governantes;  e  fez  Lutero  postular   para  o  término  dessa  luxúria  e  avareza  que  estava  tomando  conta  do  papado e  do  clero  (Tese  86).  

    Fator  Intelectual

    Deve-se  à   postura   crítica,  adotada  por  mentes  lúcidas  e  secularizadas  diante  da  vida  religiosa  de  seus  dias.  O  humanismo  da  Renascença  criou  um  espírito  secular  semelhante  àquele  que  caracterizou  a  Grécia  clássica.  E,  obviamente,  aquelas  mentes  desembotadas  não  podiam  digerir  os  abusos  do  romanismo,  o  que  fez  com   que  protestassem, e  concomitantemente   tirassem  muitos  leigos  das  cadeias  da  ignorância.

    Fator   Moral
   
    Indubitavelmente   este   fator  foi  o  principal  dentre  os  que  contribuíram  para  o  crescimento  da  Reforma.  Os  poucos  que  tinham  cópias  do   Novo  Testamento começaram  a   perceber  o  quão  longe   estava  a  Igreja  Romana  daquela  bíblica  e  primitiva,  que  valorizava  mais  as  almas  do  que  o  dinheiro;  e  que  esforçava-se  por  seguir  à  risca  os  preceitos  bíblicos  dados  por  Cristo.  A  corrupção  estava  em  alto  escalão  na  ICAR,   e  o  pecado  havia  tomado  conta  ―  ela  estava  afundada  em  prostituições,  subornos,  corrupção,  assassinatos,  cobranças  de  indulgências,  etc.


     III.   O  Resultado  da  Reforma

   Desde  quando  a  "faísca"  da  Reforma foi  lançada,  o seu  crescimento  foi  sendo tão gradativamente  notório  que  provocou o  catolicismo  a  tal  ponto  dele  ter  de  fazer  uma  Contrarreforma  ―  movimento  que  antagonizava-se  a  Reforma  Protestante.  

    Na  dieta  de  Worms,  em  1521,  perante  o  Imperador  Carlos  V  ―  com  seus  príncipes  e  prelados  ―,  Lutero  foi  instado  com  ameaças  a  retratar-se  de  tudo  que  escrevera.  Mas,  longe  de  esmorecer  ou  acovardar-se, com  intrépida  ousadia,  proferiu:  
Se Sua Majestade Imperial deseja uma resposta franca,  eu a darei, e é esta: É impossível para mim retratar-me, a  não ser que me convençam pela Escritura ou por meio de  argumentos evidentes. Eu acredito em coisas contrárias  ao papa e aos concílios,  porque é claro como a luz do dia que eles têm errado e dito coisas incoerentes com eles próprios. Estou firmado nas Escrituras que tenho citado; minha consciência tem que se submeter à Palavra de Deus. Portanto, eu não posso e não me retratarei, porque proceder contra a consciência é ímpio e perigoso. Assim Deus me ajude. Amém.


     Mais  tarde,  na  dieta  de  Spira,  em  1529,  os  cristãos  reformistas,  pela  primeira  vez,  foram  cognominados  de  protestantes.  

      A   Reforma  atingiu  seu  estopim  nos  anos  seguintes,  com  respectivos  reformadores,  como  Calvino, Zwinglio, John Knox, etc.  


     IV.    Conclusão

     A  Reforma  Protestante  teve  como  objetivo  restaurar  a  Igreja à  essência  do  cristianismo.  O  trabalho  árduo  de  muitos  reformadores   resultou-se  num  movimento  magno  e  gigantesco.  Que  possamos,  verdadeiramente,  zelarmos  pela  pureza  e  essência  do  cristianismo,  a  fito  de  não  perdermos  o  foco  inicial.  Continuemos  dizendo: 

  Sola  Fide  (Somente  a  fé);
  Sola  Scriptura  (Somente  a  Escritura);
  Solus Christus   (Somente  Cristo);
  Sola  Gratia   (Somente  a  Graça);
  Soli  Deo  Gloria   (Glória  Somente  a  Deus).

Amém!

Por:  Daniel  Cardoso.

BIBLIOGRAFIA

ALMEIDA, A. Lições  da  História  que  Não  Podemos  Esquecer. 1ª ed.  São Paulo: Vida, 1993, pp. 148,149.  In: VIEIRA, H.S.  A  Unidade  da  Igreja  e  o  Avivamento.  Jovens e Adultos. 2ª ed. Porto Alegre: Ramo da Videira, p. 79. 

Bíblia  Apologética  com  Apócrifos.  Rio  de  Janeiro:  ICP,  2015, pp. 1493, 1494.
   

     


quarta-feira, 23 de outubro de 2019

O DESAFIO DA APOLOGÉTICA CONTRA O CETICISMO

I.   O  Terrível  Ceticismo  e  seu  Desenvolvimento  na  Sociedade 

De  fato,  o  ceticismo,  nos  últimos  anos, virou  sinônimo de  intelectualidade.  A  sabedoria para  o  mundo  contrasta-se e  mostra-se  totalmente  inversa  e  antagônica  aos  padrões  estabelecidos  pelo  Todo-Poderoso. 

Ao  confiarem  em  si  próprios,  os  céticos  envilecem  e  desdouram  uma  série  de  príncipios  bíblicos; entre  estes,  está  o  que  dizia  o  sábio  Salomão: "Confia  no  Senhor,  não  no  teu  próprio  entendimento" (Pv 3.5).  O  mundo  que  considera-se  altamente  intelectual  perde-se  em  seu  próprio saber:
"Dizendo-se  sábios,  tornaram-se  loucos" (Rm 1.22). Ao  confiarem  em  si  mesmos  ― e  não  na  Bíblia ― os  céticos  amontoam  para  si  abismos  e  mais  abismos,  oriundos  do  príncipe  das  trevas; pois, um  abismo  chama  outro... (Sl 42.7).   Ao  negarem, por  exemplo, a  doutrina  da  inerrância  das  Escrituras  ― e  por  extensão  o  fato  de  serem  inspiradas  pelo  Altíssimo  ―  os  céticos  ficarão  sem  saber  os  mandamentos  e  a  Lei  de Deus. Como  conhecerão  Jesus,  se  negam  a  Bíblia? "Se  não  ouvem  a  Lei  e  os  profetas"  (cf. Lc 16.31),  como  então  saberão  qual  o  caminho  certo?  
Pode-se  notar,  portanto, que  Satanás  é  quem  deseja  o  ceticismo  quanto  a  Bíblia  Sagrada!

II.  A  Batalha  Apologética  na  Revolução  Industrial

A  Revolução  Industrial  foi   um  processo de  transição que  iniciou-se  na  Inglaterra,  no  século  XVIII.  Nela,  diversas  mudanças  na  Indústria  tiveram  lugar;  a  manufatura   ―  até  então   o  padrão  de  trabalho  nas  indústrias  ― foi  substituída  pela  maquinofatura sistema  maquinário.  Nesse  período  surgiu  a  era  denominada  comumente  pelos    historiadores  de  iluminismo  ―  movimento  que  antagonizava-se  ao  Antigo  Regime.   Vários  filósofos,  tais  como John Locke (1632-1704),  Montesquieu  (1689-1755),   Voltaire  (1694-1778),  Jean  Jacques  Rousseau  (1712-1778), Denis  Diderot (1713-1784), etc.,  apregoavam  uma  ideologia  deísta,  contrastando  o teísmo  cristão.  De  fato,  o  deísmo  foi  o  precursor  do  ateísmo  predominante.    

Conquanto  a  filosofia  deísta  fosse  apregoada,  o  teísmo  cristão também  o  foi.  Doravante, através  de  um  novo  método:  a  Escola  Bíblica  Dominical  ―  originada  por  Robert  Raikes  (1735-1811).   Entrementes,  houve  uma  batalha  espiritual,  porquanto  os  cristãos  tinham  uma  missão:  defender  a  fé  cristã  dos  ataques  filosóficos  do  deísmo. Amiúdes  de   servos  e  servas   do   Deus  Altíssimo   esforçaram-se   em   sua  missão.  Andaram,  em  verdade,  na   contramão  do   mundo   e   de  suas  ideologias  ―  conforme   ordena   a   Sagrada   Escritura  (Rm 12.2; 1 Pe 1.14; 1 Jo 2.15;  Ef 4.17-20).  



A  batalha  entre   as   duas  linhas  "filosóficas"  ― teísmo  e  deísmo   ―  deu-se   em  diversas   questões,  dentre  elas:



•  A   divindade   de   Jesus  ―  assegurada  pela   Sagrada  Escritura,  mas  negada  pelo  deísmo  (cf. Jo 1.1; 20.28; Rm 9.5; Fp 2.6; Tt 2.13; 2 Pe 1.1; 1 Jo 5.20);



•  A   inerrância,  inspiração   e   infalibilidade  da  Bíblia  Sagrada    negada  pelo  deísmo (Is 34.16; 2 Tm 3.16; 2 Pe 1.20,21; 3.2; Ap 1.1-3; 22.18,19; 1 Ts 4.9);



•  Discordâncias  como:



―  O  deísmo  diz:  Toda  verdade  está  na  razão.  A Bíblia  diz:  Toda  a   verdade   está   em   Jesus  (Ef 4.21; cf. Jo 14.6).



 ―  O  deísmo  diz:  Deus  é  um  ser  distante.  O Deus da Bíblia  diz:  Sou  Deus  de   perto  (Jr 23.23; cf. Sl 145.18). 



 ―  O  deísmo  diz:  Deus  é  um  ser  impessoal  que  não  intervém  em  nada  na  terra.  A  Bíblia  diz  que  Deus  é  um ser  pessoal  (cf. 1 Cr 28.9; Jr 24.7; Jo 17.3; Lc 10.22), e  que  intervém  sim  na  Terra  (cf. Sl 113.6).



Muitas  são  as   discordâncias  existentes  entre  esses  grupos.  Mas  a  Palavra  de  Deus  prevalece  para  sempre (Sl  119.89). Prevaleceu   na  Revolução   Industrial,  no  Renascimento, e no  auge  do  Iluminismo,  como   tem   prevalecido  até  aos  dias  atuais.  

O  apóstolo  Pedro  asseverou:  "A Palavra  do  Senhor  permanece  para  sempre;  e  esta  é  a  Palavra  que  entre  vós  foi  enxertada"  (1 Pe 1.25).  

III.  A   Popularização  do  Ceticismo

É    importante    salientar   que,   desde  a   época   dos   primeiros filósofos, haviam   aqueles   que   negavam  terminantemente  a  existência  de   um  deus.    Aristóteles  ―  por  exemplo  ―,  cria  que   o  universo  em  sua  totalidade   foi  criado  por  uma  energia  superior  e   impessoal. Já  Epicuro  de   Samos   ―  líder  do  epicurismo   ―,  propalava  conceitos  ateístas   ainda  em   seu  tempo,   afirmando  que   o  universo   foi   criado   a   partir  de  matérias  preexistentes.  



Mas,  com  o   deísmo,   aos  poucos  o  ceticismo   foi  entrando  na  sociedade.  O   século  XIX   foi  a  "era"   das declarações  anticristãs.  Até  mesmo os  considerados   "intelectuais"  da  época  reuniram-se   num  lugar  para debater  a   autenticidade  da  Bíblia  Sagrada.  Apontaram  700   argumentos  contra  ela.  Hoje,  mais  de  600  desses   argumentos   foram  deixados  por  pesquisas   arqueológicas  mais  avançadas.  Duvidavam  da  autenticidade   de   vários   personagens  bíblicos  ― como  Davi  ―  até  acharem  a   rocha  de  Tel  Dan.  

Mas,  já  estava  vaticinado  na  Sagrada  Escritura  a  incredulidade  que   viria  à  humanidade.  Verdadeiramente,  este  é  o   operar  do  espírito  do   Anticristo,  que  "já  está  no  mundo [em  espírito]"  (1 Jo 4.3),  preparando  caminho  para sua  chegada.  O   Anticristo  será   terminantemente  ateu,  pois  "não  terá  respeito  por  nenhum  deus"   e    "contra  o   Deus  verdadeiro    falará   coisas  incríveis"  (Dn  11.36,37).  Por  conseguinte,  instiga  a   humanidade  com  filosofias   ateístas,  preparando  caminho  para   sua   chegada  e   governo   ditatorial. 



De  fato,   a  popularização  do  ceticismo  tem  sido  constante.  As   universidades   têm   ensinado conceitos  ateístas.  Os que  a isso  popularizaram  foram  dois  escritores  alemães,  a  saber:  Georg  Büchner (1813-1837)  e  Ernst  Haeckel (1834-1919).  Estes  propalaram  o  mais  terrível  ceticismo  entre  os  jovens  universitários  europeus. O  primeiro,  escreveu  o  livro  Força e Matéria  ―  livro  que  alcançou  um  patamar  de  fama  elevado, sendo traduzido  para  dezenas  de  idiomas  e  lido  por  quase  todos  os  jovens  estudantes  americanos  e  europeus.  O  segundo, por  sua  vez,  publicou  o  livro  Os  Enigmas  do  Universo ― que só  em  alemão  alcançou  mais  de  200  edições, além  de  ser  traduzido  em  muitos  idiomas. 

Logo,  os  jovens  ― gradativamente ― estavam  deixando  de  crer  no  teísmo  bíblico  e  cristão,  para  darem  crédito  aos  considerados  intelectuais  da  época.  



Não  poderia  também  deixar  de  citar  o  filósofo  Nitzsche,  que  no  seu  livro  Assim  Falou  Zaratustra  (1883) proclamou  a  morte  de  Deus,  ao  escrever:

Deus  morreu!   Deus  está  morto!
 Doravante, a  chamada  "Teologia  da  Morte  de  Deus"  entrou  em  cena.  Na  Segunda  Guerra  Mundial,  com  as  terríveis  atrocidades  praticadas  por  Adolf  Hitler,  alguns  teólogos  tornaram-se  partidários  dessa  teologia,  porquanto  falavam  num  suposto  "sumiço  de  Deus"  ante  às  crueldades  feitas  pelos  nazistas. 



Entretanto,  a Teologia  da  Morte  de  Deus  emperrou-se.  Atualmente,  os  tipos  de  ceticismo  que  mais  ganham  força  no  mundo  e  na  sociedade  são  o  ateísmo  ―  que  nega  categoricamente  a  existência  de  Deus  ―  e  o  agnosticismo ―  que  afirma  que  a  verdade  é  relativa,  e  não  absoluta.

Cabe  ao  cristão  estar  preparado  para  respondê-las,  deixando  claro  "a  razão  da  sua  fé"  (1 Pe 3.15).

IV.    O  Desafio  da  Apologética  Contemporânea

A  palavra  apologética  vem  do  termo  grego  apología. Nos  tempos  neotestamentários,  esse  termo  grego era  empregado  com  o  sentido  de  salvaguardar-se  (cf.  At 22.1; 25.16; 1 Co 9.3; 2 Co 7.11; Fp 1.7; 2 Tm 4.16),  mas  também  com  o  sentido  de  defender  o  Evangelho (Fp 1.16; 1 Pe 3.15).  É  nesse  segundo  sentido  que  se  enquadram  os  apologistas  cristãos; em  meio  a  todas  as  oposições  ceticistas,  eles  tem  de  usar  a  "espada  do  Espírito" (Ef 6.17)  ―  que  é  a  Palavra  de  Deus, a nossa  única  e  suficiente  arma  de  ataque.



E  como  podemos  defender  a  fé  em  nossos  dias? Aproveitando  minuciosamente as  oportunidades  que  temos  para isso! O  apóstolo  Paulo  almejava  que a  "porta  da  palavra"  fosse  aberta,  a  fim  de  que  ele  pudesse  testemunhar  do  Evangelho; ele  orava  para  que  soubesse  aproveitar  essas  oportunidades,  e  falasse  "como  me  convém  falar" (Cl 4.3,4). Outrossim,  o  crente  deve  orar  a  fito  do  Altissímo  preparar-lhe  "a  porta  da  palavra"  ―   isto  é,  a  oportunidade  de  falar  da  Palavra ―  para  com  todos  os  seus  companheiros. Deve  também, assim  como  Paulo,  pedir  ao  Senhor  que  lhe  dê  graça  no  modo  de  expressar-se,  e  também  para  falar  como  convém. 



Muitos  crentes  estudantes  esquivam-se  quando  o  assunto  em  apreço  na  sala  de  aula  é  cristianismo. Ali  já  há  uma  bela  oportunidade  de  testificar  do  Evangelho  e  defendê-lo!  



Sabemos  como  é  difícil  falar  da  Bíblia  Sagrada  numa  sociedade  que  está  se  tornando  cada  vez  mais  agnóstica. Que  é  a  verdade? ― perguntou  Pilatos  a  Jesus  (Jo 18.38), tal-qualmente  nos  perguntam  nos  dias  atuais.  Entretanto,  devemos  estar  preparados  para  esse  grande  desafio  da  apologética, e a cumprir-mos  a  Grande  Comissão   dada  por  Cristo:  Ide  por  todo  o  mundo,  pregai  o  Evangelho  a  toda  criatura  (Mc 16.15).



Por:  Daniel  Cardoso.

BIBLIOGRAFIA:

BERGSTÉN,  E.  Teologia  Sistemática.  20ª impressão.  Rio  de  Janeiro: CPAD,  2019.

COSTA,  J.M.   Provas  da  Existência  de  Deus.  Rio  de  Janeiro: Central  Gospel,  2016.

ZIBORDI,  C. S.   A  Pregação  Apologética  na  Pós-Modernidade. Disponível  em  < https://cirozibordi.blogspot.com/2019/07/a-pregacao-apologetica-na-pos.html >. Acesso  em:  21.10.2019. 

segunda-feira, 23 de setembro de 2019

QUE GERAÇÃO É ESSA?


I.  Introdução

Jesus,  em   seu   ministério   terreno  ―  aproximadamente  3  dias   antes    de  sua   morte  ―  pronunciou  as   seguintes  palavras:

Em  verdade  vos  digo  que  não  passará   esta  geração  sem  que  todas  essas  coisas   aconteçam

Essa   expressão  aparece  em  todos  os   evangelhos  sinóticos (Mt 24.34; Mc 13.30; Lc 21.32).  Em  seu  contexto,  Cristo  estava  a  responder   a    pergunta   tripartida   de   seus  discípulos: "Quando  serão  essas   coisas  [destruição do  templo],  e  que  sinal   haverá  da  tua   vinda   e   do   fim  do   mundo?"  (Mt 24.3).   Após  relatar  vatícinios   proféticos,  o  Senhor  pronunciou   a  frase   supracitada:  Não  passará  esta  geração...  
Mas, que  geração  é   essa?  

II.   Os  Diferentes  Tipos  de   Geração   na  Bíblia

"Geração",  nas   Escrituras,  tem  sentido  lato, conforme  veremos  a  seguir.

A   palavra   geração:

   Pode  significar  "tempo  interminável";  uma  infinidade  eternal  (cf.  Êx 3.15; Sl 33.11; 90.1; Is 60.15; Dn 4.3; Lc 1.50);

   Pode  designar  "homens  de  uma  época" (cf. Êx 1.6; Nm 32.13; Ec 1.4);

   Pode  também  ―  ainda  que  raramente   ―  apontar  para  uma  determinada  nação,  espécie  ou  povoado  (cf.  1 Pe 2.9). Isso  principalmente  pela   etimologia  da  palavra.


III.   Os   Diferentes   Pontos   de   Vista

Dos  muitos  pontos  de   vista   existentes  quanto  à   passagem  em  foco,   ressaltarei   3:

A)   O  primeiro  defende  que   a "geração"  que  Jesus  referia-se  era  a   sua  era  e   época.    

B)  O  segundo  sustenta  que   a   "geração"  que   Jesus   estava  mencionando   era  aquela  que   veria o "florescimento  da  figueira", mencionada  por  Ele  concomitantemente  (Mt 24.32; Mc 13.28; Lc  21.29,30).

C)  O  terceiro  crê   que  a  "geração"  mencionada  por  Cristo  é  uma   referência   a   nação  de   Israel.

IV.   Genea:  nação

A  expressão  grega   dos  evangelhos  nessa  narrativa  de   Jesus  é:  genea.  Segundo  o    dr.  C.I.  Scofield,  ela  significa   mais  precisamente  algo  como: raça,  família, espécie.  Encaixa-se  perfeitamente,  nalguns  casos,  como  literalmente  uma  "nação" (cf. 1 Pe 2.9). Esta  é,  justamente,  a  palavra  utilizada  pelos  evangelistas. Por  conseguinte,   é  muitíssimo    mais   provável  que  Jesus   esteja  se   referindo  ali  à  nação  de  Israel,  ao  povo  judeu;  assim,  estaria-lhes  dizendo  que   não  acabariam  nem  seriam   destruídos  até  que  tudo  fosse  cumprido.  

De  fato,   muitos   têm  tentado  de  todas   as   maneiras  rechaçar  ao  povo  judeu;  reduzi-lo  a  pó  e   a  cinzas;  expurgá-los  e  destruí-los  por   completo.  

Pesquisas   mostram  que  Israel  já   foi:

•  Destruída  parcialmente  40  vezes;

•  Cercada  23  vezes;

•   Atacada  52  vezes;

  Conquistada  44  vezes.

Não  obstante,  a   promessa   de   Jesus  é  clara:  Ele   preservará  a   geração  [Israel]  até  que  todo  o   Seu  grandioso  e   soberano  desígnio  seja   cumprido  por   completo! O  Todo-Poderoso  inspirou  Davi  a  escrever:  Eis  que  não  tosquenejará  nem  dormirá  o  Guarda  de  Israel;  O  Senhor  é  quem  te  guarda [...]  O  Senhor  te  guardará  de  todo  o  mal;  Ele  guardará  a  tua  alma!   O  Senhor  guardará  a  tua  entrada  e  a  tua  saída,  desde  agora  e  para  sempre   (Sl  121.4,5,7,8).

Muitos   dizem  veementemente  que  os  planos que  o  Altíssimo  tinha  para  Israel  acabaram,  sendo  transferidos  à  Igreja  ― que  teria   a   "substituído".  Isso  é  incabível!  O  Eterno  continua  sendo  o   "Deus  de  Israel"    ―  assim  se  autodenominou  por  203  vezes  em  Sua  palavra.  Os  defensores  da  tese  da  substituição  ancoram-se  no  texto  bíblico  de   Gálatas  6.16,  que  diz:  E  a  todos  quantos  andarem  conforme  esta  regra,  paz  e  misericórdia  sobre  eles  e  sobre   o  Israel  de  Deus".  Conquanto  a  frase   "Israel  de  Deus"  esteja  presente,  ela  perfaz  o  discurso  de  Paulo,  que  estava  a   escrevendo  noutro  sentido. Não  significa  que  a  Igreja  substituiu  Israel;  mas  sim  que  os  salvos  em  Cristo  são  o  povo   escolhido  de  Deus,  tendo  Abraão  como  pai,  assim  como  Israel  (Gl  3.7).   No  próprio  Novo  Testamento  está  escrito  que  Jeová  ainda  tem  planos   com   Israel  (cf. Rm  11.25-27).  Isto  é   certo  e  indubitável!


                              Conclusão

A   Sagrada   Escritura   menciona  como Satanás   odeia  a   Israel  e   tenta destruir   seu  povo  de  todas  as  maneiras.   Isso   é  visto   desde  o  Antigo  Testamento  (cf.  1 Cr 21.1),   como  também  no  Novo.  Note  como  o   dragão  de  Apocalipse  12  perseguia  à  mulher  ―  que  neste  caso  simboliza    o   povo  judeu.  Entretanto,  o   Senhor   Jesus  falou  clara  e  absolutamente  que  Seu  povo   há  de  ver  todos  os  sinais,  não  passará sem vê-los cumpridos.  As  Escrituras  prometem  que  o  Messias  reinará  em  Israel  (cf.  Sl 48.1-3; Is 2.1-3; 60.2,3; Jr 23.5,6; Mq 5.3,4; Zc 14.9,16);  por  isso,  o  vil  destruidor   tenta  acabar  de  vez  com  essa  nação.  Sua  convocação  aos  povos  a  virem  pelejar  contra  o  povo  judeu  lhe  acarretará  em  destruição  por  ocasião  da  Vinda do  Senhor  (2 Ts 2.8).  
A  aliança  que  Deus  fez  com  Israel  é  "perpétua" (Gn 17.7), de  sorte  que  Satanás  nunca  poderá  destruí-la.  Esta  aliança  prossegue  de  geração  em  geração,  porquanto  dela  escrito  está:  Deus  a  confirmará  para  sempre  (Sl 48.8). Todos  os  povos,  em  todas  as  localidades,  hão  de  dizer  a  Sião: O  teu  Deus  reina!   (Is  52.7).

Por:  Daniel  Cardoso.

        

   





O PERIGO DO CRISTIANISMO EMOCIONAL

  Ultimamente, tenho notado muito o prejuízo causado pela ausência de compreensão correta no que diz respeito ao lugar das emoções na vida c...