I. O Terrível Ceticismo e seu Desenvolvimento na Sociedade
De fato, o ceticismo, nos últimos anos, virou sinônimo de intelectualidade. A sabedoria para o mundo contrasta-se e mostra-se totalmente inversa e antagônica aos padrões estabelecidos pelo Todo-Poderoso.
Ao confiarem em si próprios, os céticos envilecem e desdouram uma série de príncipios bíblicos; entre estes, está o que dizia o sábio Salomão: "Confia no Senhor, não no teu próprio entendimento" (Pv 3.5). O mundo que considera-se altamente intelectual perde-se em seu próprio saber:
"Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos" (Rm 1.22). Ao confiarem em si mesmos ― e não na Bíblia ― os céticos amontoam para si abismos e mais abismos, oriundos do príncipe das trevas; pois, um abismo chama outro... (Sl 42.7). Ao negarem, por exemplo, a doutrina da inerrância das Escrituras ― e por extensão o fato de serem inspiradas pelo Altíssimo ― os céticos ficarão sem saber os mandamentos e a Lei de Deus. Como conhecerão Jesus, se negam a Bíblia? "Se não ouvem a Lei e os profetas" (cf. Lc 16.31), como então saberão qual o caminho certo?
Pode-se notar, portanto, que Satanás é quem deseja o ceticismo quanto a Bíblia Sagrada!
II. A Batalha Apologética na Revolução Industrial
A Revolução Industrial foi um processo de transição que iniciou-se na Inglaterra, no século XVIII. Nela, diversas mudanças na Indústria tiveram lugar; a manufatura ― até então o padrão de trabalho nas indústrias ― foi substituída pela maquinofatura, sistema maquinário. Nesse período surgiu a era denominada comumente pelos historiadores de iluminismo ― movimento que antagonizava-se ao Antigo Regime. Vários filósofos, tais como John Locke (1632-1704), Montesquieu (1689-1755), Voltaire (1694-1778), Jean Jacques Rousseau (1712-1778), Denis Diderot (1713-1784), etc., apregoavam uma ideologia deísta, contrastando o teísmo cristão. De fato, o deísmo foi o precursor do ateísmo predominante.
Conquanto a filosofia deísta fosse apregoada, o teísmo cristão também o foi. Doravante, através de um novo método: a Escola Bíblica Dominical ― originada por Robert Raikes (1735-1811). Entrementes, houve uma batalha espiritual, porquanto os cristãos tinham uma missão: defender a fé cristã dos ataques filosóficos do deísmo. Amiúdes de servos e servas do Deus Altíssimo esforçaram-se em sua missão. Andaram, em verdade, na contramão do mundo e de suas ideologias ― conforme ordena a Sagrada Escritura (Rm 12.2; 1 Pe 1.14; 1 Jo 2.15; Ef 4.17-20).
A batalha entre as duas linhas "filosóficas" ― teísmo e deísmo ― deu-se em diversas questões, dentre elas:
• A divindade de Jesus ― assegurada pela Sagrada Escritura, mas negada pelo deísmo (cf. Jo 1.1; 20.28; Rm 9.5; Fp 2.6; Tt 2.13; 2 Pe 1.1; 1 Jo 5.20);
• A inerrância, inspiração e infalibilidade da Bíblia Sagrada ― negada pelo deísmo (Is 34.16; 2 Tm 3.16; 2 Pe 1.20,21; 3.2; Ap 1.1-3; 22.18,19; 1 Ts 4.9);
• Discordâncias como:
― O deísmo diz: Toda verdade está na razão. A Bíblia diz: Toda a verdade está em Jesus (Ef 4.21; cf. Jo 14.6).
― O deísmo diz: Deus é um ser distante. O Deus da Bíblia diz: Sou Deus de perto (Jr 23.23; cf. Sl 145.18).
― O deísmo diz: Deus é um ser impessoal que não intervém em nada na terra. A Bíblia diz que Deus é um ser pessoal (cf. 1 Cr 28.9; Jr 24.7; Jo 17.3; Lc 10.22), e que intervém sim na Terra (cf. Sl 113.6).
Muitas são as discordâncias existentes entre esses grupos. Mas a Palavra de Deus prevalece para sempre (Sl 119.89). Prevaleceu na Revolução Industrial, no Renascimento, e no auge do Iluminismo, como tem prevalecido até aos dias atuais.
O apóstolo Pedro asseverou: "A Palavra do Senhor permanece para sempre; e esta é a Palavra que entre vós foi enxertada" (1 Pe 1.25).
III. A Popularização do Ceticismo
É importante salientar que, desde a época dos primeiros filósofos, haviam aqueles que negavam terminantemente a existência de um deus. Aristóteles ― por exemplo ―, cria que o universo em sua totalidade foi criado por uma energia superior e impessoal. Já Epicuro de Samos ― líder do epicurismo ―, propalava conceitos ateístas ainda em seu tempo, afirmando que o universo foi criado a partir de matérias preexistentes.
Mas, com o deísmo, aos poucos o ceticismo foi entrando na sociedade. O século XIX foi a "era" das declarações anticristãs. Até mesmo os considerados "intelectuais" da época reuniram-se num lugar para debater a autenticidade da Bíblia Sagrada. Apontaram 700 argumentos contra ela. Hoje, mais de 600 desses argumentos foram deixados por pesquisas arqueológicas mais avançadas. Duvidavam da autenticidade de vários personagens bíblicos ― como Davi ― até acharem a rocha de Tel Dan.
Mas, já estava vaticinado na Sagrada Escritura a incredulidade que viria à humanidade. Verdadeiramente, este é o operar do espírito do Anticristo, que "já está no mundo [em espírito]" (1 Jo 4.3), preparando caminho para sua chegada. O Anticristo será terminantemente ateu, pois "não terá respeito por nenhum deus" e "contra o Deus verdadeiro falará coisas incríveis" (Dn 11.36,37). Por conseguinte, instiga a humanidade com filosofias ateístas, preparando caminho para sua chegada e governo ditatorial.
De fato, a popularização do ceticismo tem sido constante. As universidades têm ensinado conceitos ateístas. Os que a isso popularizaram foram dois escritores alemães, a saber: Georg Büchner (1813-1837) e Ernst Haeckel (1834-1919). Estes propalaram o mais terrível ceticismo entre os jovens universitários europeus. O primeiro, escreveu o livro Força e Matéria ― livro que alcançou um patamar de fama elevado, sendo traduzido para dezenas de idiomas e lido por quase todos os jovens estudantes americanos e europeus. O segundo, por sua vez, publicou o livro Os Enigmas do Universo ― que só em alemão alcançou mais de 200 edições, além de ser traduzido em muitos idiomas.
Logo, os jovens ― gradativamente ― estavam deixando de crer no teísmo bíblico e cristão, para darem crédito aos considerados intelectuais da época.
Não poderia também deixar de citar o filósofo Nitzsche, que no seu livro Assim Falou Zaratustra (1883) proclamou a morte de Deus, ao escrever:
Deus morreu! Deus está morto!
Doravante, a chamada "Teologia da Morte de Deus" entrou em cena. Na Segunda Guerra Mundial, com as terríveis atrocidades praticadas por Adolf Hitler, alguns teólogos tornaram-se partidários dessa teologia, porquanto falavam num suposto "sumiço de Deus" ante às crueldades feitas pelos nazistas.
Entretanto, a Teologia da Morte de Deus emperrou-se. Atualmente, os tipos de ceticismo que mais ganham força no mundo e na sociedade são o ateísmo ― que nega categoricamente a existência de Deus ― e o agnosticismo ― que afirma que a verdade é relativa, e não absoluta.
Cabe ao cristão estar preparado para respondê-las, deixando claro "a razão da sua fé" (1 Pe 3.15).
IV. O Desafio da Apologética Contemporânea
A palavra apologética vem do termo grego apología. Nos tempos neotestamentários, esse termo grego era empregado com o sentido de salvaguardar-se (cf. At 22.1; 25.16; 1 Co 9.3; 2 Co 7.11; Fp 1.7; 2 Tm 4.16), mas também com o sentido de defender o Evangelho (Fp 1.16; 1 Pe 3.15). É nesse segundo sentido que se enquadram os apologistas cristãos; em meio a todas as oposições ceticistas, eles tem de usar a "espada do Espírito" (Ef 6.17) ― que é a Palavra de Deus, a nossa única e suficiente arma de ataque.
E como podemos defender a fé em nossos dias? Aproveitando minuciosamente as oportunidades que temos para isso! O apóstolo Paulo almejava que a "porta da palavra" fosse aberta, a fim de que ele pudesse testemunhar do Evangelho; ele orava para que soubesse aproveitar essas oportunidades, e falasse "como me convém falar" (Cl 4.3,4). Outrossim, o crente deve orar a fito do Altissímo preparar-lhe "a porta da palavra" ― isto é, a oportunidade de falar da Palavra ― para com todos os seus companheiros. Deve também, assim como Paulo, pedir ao Senhor que lhe dê graça no modo de expressar-se, e também para falar como convém.
Muitos crentes estudantes esquivam-se quando o assunto em apreço na sala de aula é cristianismo. Ali já há uma bela oportunidade de testificar do Evangelho e defendê-lo!
Sabemos como é difícil falar da Bíblia Sagrada numa sociedade que está se tornando cada vez mais agnóstica. Que é a verdade? ― perguntou Pilatos a Jesus (Jo 18.38), tal-qualmente nos perguntam nos dias atuais. Entretanto, devemos estar preparados para esse grande desafio da apologética, e a cumprir-mos a Grande Comissão dada por Cristo: Ide por todo o mundo, pregai o Evangelho a toda criatura (Mc 16.15).
Por: Daniel Cardoso.
BIBLIOGRAFIA:
BERGSTÉN, E. Teologia Sistemática. 20ª impressão. Rio de Janeiro: CPAD, 2019.
COSTA, J.M. Provas da Existência de Deus. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2016.
ZIBORDI, C. S. A Pregação Apologética na Pós-Modernidade. Disponível em < https://cirozibordi.blogspot.com/2019/07/a-pregacao-apologetica-na-pos.html >. Acesso em: 21.10.2019.
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