quarta-feira, 23 de outubro de 2019

O DESAFIO DA APOLOGÉTICA CONTRA O CETICISMO

I.   O  Terrível  Ceticismo  e  seu  Desenvolvimento  na  Sociedade 

De  fato,  o  ceticismo,  nos  últimos  anos, virou  sinônimo de  intelectualidade.  A  sabedoria para  o  mundo  contrasta-se e  mostra-se  totalmente  inversa  e  antagônica  aos  padrões  estabelecidos  pelo  Todo-Poderoso. 

Ao  confiarem  em  si  próprios,  os  céticos  envilecem  e  desdouram  uma  série  de  príncipios  bíblicos; entre  estes,  está  o  que  dizia  o  sábio  Salomão: "Confia  no  Senhor,  não  no  teu  próprio  entendimento" (Pv 3.5).  O  mundo  que  considera-se  altamente  intelectual  perde-se  em  seu  próprio saber:
"Dizendo-se  sábios,  tornaram-se  loucos" (Rm 1.22). Ao  confiarem  em  si  mesmos  ― e  não  na  Bíblia ― os  céticos  amontoam  para  si  abismos  e  mais  abismos,  oriundos  do  príncipe  das  trevas; pois, um  abismo  chama  outro... (Sl 42.7).   Ao  negarem, por  exemplo, a  doutrina  da  inerrância  das  Escrituras  ― e  por  extensão  o  fato  de  serem  inspiradas  pelo  Altíssimo  ―  os  céticos  ficarão  sem  saber  os  mandamentos  e  a  Lei  de Deus. Como  conhecerão  Jesus,  se  negam  a  Bíblia? "Se  não  ouvem  a  Lei  e  os  profetas"  (cf. Lc 16.31),  como  então  saberão  qual  o  caminho  certo?  
Pode-se  notar,  portanto, que  Satanás  é  quem  deseja  o  ceticismo  quanto  a  Bíblia  Sagrada!

II.  A  Batalha  Apologética  na  Revolução  Industrial

A  Revolução  Industrial  foi   um  processo de  transição que  iniciou-se  na  Inglaterra,  no  século  XVIII.  Nela,  diversas  mudanças  na  Indústria  tiveram  lugar;  a  manufatura   ―  até  então   o  padrão  de  trabalho  nas  indústrias  ― foi  substituída  pela  maquinofatura sistema  maquinário.  Nesse  período  surgiu  a  era  denominada  comumente  pelos    historiadores  de  iluminismo  ―  movimento  que  antagonizava-se  ao  Antigo  Regime.   Vários  filósofos,  tais  como John Locke (1632-1704),  Montesquieu  (1689-1755),   Voltaire  (1694-1778),  Jean  Jacques  Rousseau  (1712-1778), Denis  Diderot (1713-1784), etc.,  apregoavam  uma  ideologia  deísta,  contrastando  o teísmo  cristão.  De  fato,  o  deísmo  foi  o  precursor  do  ateísmo  predominante.    

Conquanto  a  filosofia  deísta  fosse  apregoada,  o  teísmo  cristão também  o  foi.  Doravante, através  de  um  novo  método:  a  Escola  Bíblica  Dominical  ―  originada  por  Robert  Raikes  (1735-1811).   Entrementes,  houve  uma  batalha  espiritual,  porquanto  os  cristãos  tinham  uma  missão:  defender  a  fé  cristã  dos  ataques  filosóficos  do  deísmo. Amiúdes  de   servos  e  servas   do   Deus  Altíssimo   esforçaram-se   em   sua  missão.  Andaram,  em  verdade,  na   contramão  do   mundo   e   de  suas  ideologias  ―  conforme   ordena   a   Sagrada   Escritura  (Rm 12.2; 1 Pe 1.14; 1 Jo 2.15;  Ef 4.17-20).  



A  batalha  entre   as   duas  linhas  "filosóficas"  ― teísmo  e  deísmo   ―  deu-se   em  diversas   questões,  dentre  elas:



•  A   divindade   de   Jesus  ―  assegurada  pela   Sagrada  Escritura,  mas  negada  pelo  deísmo  (cf. Jo 1.1; 20.28; Rm 9.5; Fp 2.6; Tt 2.13; 2 Pe 1.1; 1 Jo 5.20);



•  A   inerrância,  inspiração   e   infalibilidade  da  Bíblia  Sagrada    negada  pelo  deísmo (Is 34.16; 2 Tm 3.16; 2 Pe 1.20,21; 3.2; Ap 1.1-3; 22.18,19; 1 Ts 4.9);



•  Discordâncias  como:



―  O  deísmo  diz:  Toda  verdade  está  na  razão.  A Bíblia  diz:  Toda  a   verdade   está   em   Jesus  (Ef 4.21; cf. Jo 14.6).



 ―  O  deísmo  diz:  Deus  é  um  ser  distante.  O Deus da Bíblia  diz:  Sou  Deus  de   perto  (Jr 23.23; cf. Sl 145.18). 



 ―  O  deísmo  diz:  Deus  é  um  ser  impessoal  que  não  intervém  em  nada  na  terra.  A  Bíblia  diz  que  Deus  é  um ser  pessoal  (cf. 1 Cr 28.9; Jr 24.7; Jo 17.3; Lc 10.22), e  que  intervém  sim  na  Terra  (cf. Sl 113.6).



Muitas  são  as   discordâncias  existentes  entre  esses  grupos.  Mas  a  Palavra  de  Deus  prevalece  para  sempre (Sl  119.89). Prevaleceu   na  Revolução   Industrial,  no  Renascimento, e no  auge  do  Iluminismo,  como   tem   prevalecido  até  aos  dias  atuais.  

O  apóstolo  Pedro  asseverou:  "A Palavra  do  Senhor  permanece  para  sempre;  e  esta  é  a  Palavra  que  entre  vós  foi  enxertada"  (1 Pe 1.25).  

III.  A   Popularização  do  Ceticismo

É    importante    salientar   que,   desde  a   época   dos   primeiros filósofos, haviam   aqueles   que   negavam  terminantemente  a  existência  de   um  deus.    Aristóteles  ―  por  exemplo  ―,  cria  que   o  universo  em  sua  totalidade   foi  criado  por  uma  energia  superior  e   impessoal. Já  Epicuro  de   Samos   ―  líder  do  epicurismo   ―,  propalava  conceitos  ateístas   ainda  em   seu  tempo,   afirmando  que   o  universo   foi   criado   a   partir  de  matérias  preexistentes.  



Mas,  com  o   deísmo,   aos  poucos  o  ceticismo   foi  entrando  na  sociedade.  O   século  XIX   foi  a  "era"   das declarações  anticristãs.  Até  mesmo os  considerados   "intelectuais"  da  época  reuniram-se   num  lugar  para debater  a   autenticidade  da  Bíblia  Sagrada.  Apontaram  700   argumentos  contra  ela.  Hoje,  mais  de  600  desses   argumentos   foram  deixados  por  pesquisas   arqueológicas  mais  avançadas.  Duvidavam  da  autenticidade   de   vários   personagens  bíblicos  ― como  Davi  ―  até  acharem  a   rocha  de  Tel  Dan.  

Mas,  já  estava  vaticinado  na  Sagrada  Escritura  a  incredulidade  que   viria  à  humanidade.  Verdadeiramente,  este  é  o   operar  do  espírito  do   Anticristo,  que  "já  está  no  mundo [em  espírito]"  (1 Jo 4.3),  preparando  caminho  para sua  chegada.  O   Anticristo  será   terminantemente  ateu,  pois  "não  terá  respeito  por  nenhum  deus"   e    "contra  o   Deus  verdadeiro    falará   coisas  incríveis"  (Dn  11.36,37).  Por  conseguinte,  instiga  a   humanidade  com  filosofias   ateístas,  preparando  caminho  para   sua   chegada  e   governo   ditatorial. 



De  fato,   a  popularização  do  ceticismo  tem  sido  constante.  As   universidades   têm   ensinado conceitos  ateístas.  Os que  a isso  popularizaram  foram  dois  escritores  alemães,  a  saber:  Georg  Büchner (1813-1837)  e  Ernst  Haeckel (1834-1919).  Estes  propalaram  o  mais  terrível  ceticismo  entre  os  jovens  universitários  europeus. O  primeiro,  escreveu  o  livro  Força e Matéria  ―  livro  que  alcançou  um  patamar  de  fama  elevado, sendo traduzido  para  dezenas  de  idiomas  e  lido  por  quase  todos  os  jovens  estudantes  americanos  e  europeus.  O  segundo, por  sua  vez,  publicou  o  livro  Os  Enigmas  do  Universo ― que só  em  alemão  alcançou  mais  de  200  edições, além  de  ser  traduzido  em  muitos  idiomas. 

Logo,  os  jovens  ― gradativamente ― estavam  deixando  de  crer  no  teísmo  bíblico  e  cristão,  para  darem  crédito  aos  considerados  intelectuais  da  época.  



Não  poderia  também  deixar  de  citar  o  filósofo  Nitzsche,  que  no  seu  livro  Assim  Falou  Zaratustra  (1883) proclamou  a  morte  de  Deus,  ao  escrever:

Deus  morreu!   Deus  está  morto!
 Doravante, a  chamada  "Teologia  da  Morte  de  Deus"  entrou  em  cena.  Na  Segunda  Guerra  Mundial,  com  as  terríveis  atrocidades  praticadas  por  Adolf  Hitler,  alguns  teólogos  tornaram-se  partidários  dessa  teologia,  porquanto  falavam  num  suposto  "sumiço  de  Deus"  ante  às  crueldades  feitas  pelos  nazistas. 



Entretanto,  a Teologia  da  Morte  de  Deus  emperrou-se.  Atualmente,  os  tipos  de  ceticismo  que  mais  ganham  força  no  mundo  e  na  sociedade  são  o  ateísmo  ―  que  nega  categoricamente  a  existência  de  Deus  ―  e  o  agnosticismo ―  que  afirma  que  a  verdade  é  relativa,  e  não  absoluta.

Cabe  ao  cristão  estar  preparado  para  respondê-las,  deixando  claro  "a  razão  da  sua  fé"  (1 Pe 3.15).

IV.    O  Desafio  da  Apologética  Contemporânea

A  palavra  apologética  vem  do  termo  grego  apología. Nos  tempos  neotestamentários,  esse  termo  grego era  empregado  com  o  sentido  de  salvaguardar-se  (cf.  At 22.1; 25.16; 1 Co 9.3; 2 Co 7.11; Fp 1.7; 2 Tm 4.16),  mas  também  com  o  sentido  de  defender  o  Evangelho (Fp 1.16; 1 Pe 3.15).  É  nesse  segundo  sentido  que  se  enquadram  os  apologistas  cristãos; em  meio  a  todas  as  oposições  ceticistas,  eles  tem  de  usar  a  "espada  do  Espírito" (Ef 6.17)  ―  que  é  a  Palavra  de  Deus, a nossa  única  e  suficiente  arma  de  ataque.



E  como  podemos  defender  a  fé  em  nossos  dias? Aproveitando  minuciosamente as  oportunidades  que  temos  para isso! O  apóstolo  Paulo  almejava  que a  "porta  da  palavra"  fosse  aberta,  a  fim  de  que  ele  pudesse  testemunhar  do  Evangelho; ele  orava  para  que  soubesse  aproveitar  essas  oportunidades,  e  falasse  "como  me  convém  falar" (Cl 4.3,4). Outrossim,  o  crente  deve  orar  a  fito  do  Altissímo  preparar-lhe  "a  porta  da  palavra"  ―   isto  é,  a  oportunidade  de  falar  da  Palavra ―  para  com  todos  os  seus  companheiros. Deve  também, assim  como  Paulo,  pedir  ao  Senhor  que  lhe  dê  graça  no  modo  de  expressar-se,  e  também  para  falar  como  convém. 



Muitos  crentes  estudantes  esquivam-se  quando  o  assunto  em  apreço  na  sala  de  aula  é  cristianismo. Ali  já  há  uma  bela  oportunidade  de  testificar  do  Evangelho  e  defendê-lo!  



Sabemos  como  é  difícil  falar  da  Bíblia  Sagrada  numa  sociedade  que  está  se  tornando  cada  vez  mais  agnóstica. Que  é  a  verdade? ― perguntou  Pilatos  a  Jesus  (Jo 18.38), tal-qualmente  nos  perguntam  nos  dias  atuais.  Entretanto,  devemos  estar  preparados  para  esse  grande  desafio  da  apologética, e a cumprir-mos  a  Grande  Comissão   dada  por  Cristo:  Ide  por  todo  o  mundo,  pregai  o  Evangelho  a  toda  criatura  (Mc 16.15).



Por:  Daniel  Cardoso.

BIBLIOGRAFIA:

BERGSTÉN,  E.  Teologia  Sistemática.  20ª impressão.  Rio  de  Janeiro: CPAD,  2019.

COSTA,  J.M.   Provas  da  Existência  de  Deus.  Rio  de  Janeiro: Central  Gospel,  2016.

ZIBORDI,  C. S.   A  Pregação  Apologética  na  Pós-Modernidade. Disponível  em  < https://cirozibordi.blogspot.com/2019/07/a-pregacao-apologetica-na-pos.html >. Acesso  em:  21.10.2019. 

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