sábado, 19 de setembro de 2020

O ARREPENDIMENTO E A CONFISSÃO DE PECADOS DO CRISTÃO À LUZ DA BÍBLIA



I.  Introdução

De  fato,  é  maravilhoso  e  explêndido  o  operar  do  Espírito  Santo  na  vida  dos  salvos.  Ele  impele-nos  à  santidade,  e,  através de  Seu  fruto  (Gl  5.22),  nos  transmite  o  caráter  de  Cristo,  tornando-nos  cada  vez  mais  parecidos  com  Ele.  
Foi  o  Espírito  do  Senhor  quem  nos  fez  nascer  de  novo,  pelo  poder  da  Palavra  (cf.  Jo  3.5).  O  verdadeiro  cristão,  portanto,  que  dá  lugar  ao  Espírito  Santo,  tende  a  sempre  progredir  mais,  "de  glória  em  glória"  (2  Co  3.17),  andando  em  santificação.  Ademais,  não  por  acaso,  o  Espírito  do  Senhor  é  chamado  nas  Escrituras  de  "Espírito  de  Santidade"  (cf. Rm  1.4).   

Entretanto,  por  mais  que  tenhamos  sido  salvos  da  culpa  do  pecado  pela  justificação  e  do  seu  domínio  pela  santificação,  não  fomos,  ainda,  livres  da  presença  do  pecado.  Ele  não  domina-nos;  contudo,  ainda  está  presente  no  cotidiano  dos  crentes,  em  virtude  de  eles,  ainda,  estarem  neste  mundo  decaído  e  com  uma  natureza   pecaminosa —  com  a  qual  têm  de  pugnar  com  melindrosos  combates,  diuturnamente. 
Nesta  luta  constante  e  colossal,  infelizmente  há  vezes  em  que  a  carne  prevalece,  levando-nos  ao  pecado.  Quando  isso  acontece,  uma  tristeza  e  angústia  grandíssimas  apoderam-se  dos  crentes.  E  isso  acontece  porque  o  pecado  não  é  nem  um  pouco  normal  à  nova  natureza  que  Deus  nos  deu,  a  "natureza  divina"  (2 Pe  1.4). 

Contudo,  para  esta  angústia  e  agonia  a  Santa  Escritura  dá  uma  solução:  a  confissão  de  pecados,  somados  a  um  coração  genuinamente  arrependido  e  quebrantado  diante  de  Deus,  que  almeja  o  Seu  perdão  (1  Jo  1.8,9).  Quando  fazemos  isso,  temos  a  garantia  do  perdão  divino  mediante  Cristo,  o  Fiel  advogado  dos  crentes  (1  Jo  2.1,2).  
No  que  concerne  a  este  tema,  explana-lo-emos  pela  Santa  Escritura,  a  ver  o  conceito  bíblico  sobre  o  arrependimento  e  a  confissão  e  a  importância  dos  mesmos  na  busca  do  cristão  por  santidade.


II.  O  Que  é  "Arrependimento"  à  Luz  da  Bíblia?

"Arrependimento"  é  a  tradução  da  palavra  hebraica  nachum,  cujo  significado  denota  um  sentimento  de  profunda  tristeza,  angústia  e  contrição.  Há  ainda  outra  palavra  hebraica  —  shuwb  —  que  descreve  ainda  com  mais  precisão  o  que  é  arrepender-se:  "mudar  de  rumo".  Com  efeito,  o   réu  arrependido  muda  de  rumo,  de  direção  e  de  comportamento.  

As  Escrituras  ensinam  que  somos  todos  pecadores,  depravados  pelo  pecado  (Sl  14.2,3;  53.2,3;  Mq  7.2;  Rm  3.10-12),  e  que,  conseguintemente,  carecemos  do  perdão  divino.  Por  conta  disso,  Deus,  através  do  Evangelho,  "anuncia  agora  a  todos  os  homens  em  todo  o  lugar  que  se  arrependam"  (At  17.30),  e  creiam  no  Senhor  Jesus  Cristo  para  a  salvação  (Rm  10.9). 

Por  conseguinte,  "arrependimento",  em  termos  bíblicos,  significa  uma  contrição  que  leva  o  pecador  ao  concerto  com  o  Todo-Poderoso,  pedindo-Lhe  misericórdia  e  disposto  a  "mudar  de  rumo",  para  andar  de  acordo  com  a  vontade  do  Senhor.  

III.  A  Realidade  do  Pecado  e  a  Atitude do  Cristão  Frente  a  Isso

Mesmo  depois  de  salvos,  infelizmente,  os  crentes  ainda  notam  a  presença  do  pecado  em  suas  ações.  
A luta  árdua  dos  fiéis  ao  Senhor  contra  o  pecado,  que  "tenazmente  nos  assedia"  (Hb  12.1),  é  uma  realidade  inegável. Ele  é  o  nosso  inimigo,  de  quem  tanto  ansiamos  nos  livrar  —  o  que  de  fato  ocorrerá,  por  ocasião  da  Glorificação  (1  Co  15.50-57).  Contudo,  enquanto  estamos  na  lida  terrena,  o  remédio  tem  de  ser  o  constante  "andar  em  Espírito"  (Gl  5.16);  mas,  se  o  crente  falhar  nisso,  a  confissão  de  pecados  (1  Jo  2.1).    

Explanemos  mais  a  atitude  do  cristão  em  relação  ao  pecado,  à  luz  da  Bíblia:


Atitudes  Erradas


1)  Encobrir  o  pecado  —  "O  que  encobre  as  suas  transgressões  nunca  prosperará;  mas  o  que  as  confessa  e  deixa  alcançará  misericórdia"  (Pv  28.13).  Nunca  resista  ao  apelo  do  Espírito  Santo  para  o  arrependimento. Seja  sensível  a  Ele. Nunca  encubra  o  pecado  consigo  mesmo.  Arrependa-se  instantaneamente!

2)  Esquivar-se  da  culpa  ou  auto-justificar-se.  Sabemos  que  o  ser  humano  possui,  congenitamente,  o   costume  de  justificar  a  si  mesmo  e  esquivar-se  da  culpa  sempre  que  for  possível.  Ainda  no  jardim  paradisíaco,  Adão  culpava  Eva,  e  esta,  por  sua  vez,  à  serpente,  por  um  pecado  que  ambos  deliberadamente  cometeram.  O  cristão  deve  fugir  dessas  auto-justificações  tolas,  oriundas  da  soberba  humana.   Reconheça  que  a  culpa  do  pecado  é  sua,  e  totalmente  sua.  Humilhe-se  perante  Deus;   lamente-se  de  suas  misérias!  Neste  caso,  o  perdão  é  garantido  (Tg  4.8-10).  

Muitos  crentes,  contudo,  ainda  resolutos  na  tola  prática  da  auto-justificação,  citam  alguns  subterfúgios  para  fazerem  isso.  Vejamos,  contudo,  se  essas  "desculpinhas"  suportam-se  à  luz  da  Bíblia:

A)   Subterfúgio:  "a  carne  é  fraca".  

Resposta  Bíblica:  É  verdade  que  a  nossa  carne  é  fraca.  Jesus  afirmou  isso  (Mt  26.41b).  Não  obstante,  o  apóstolo  Pedro  assegura:  "O  poder  de  Deus  nos  tem  dado  tudo  o  que  precisamos  para  viver  uma  vida  que  agrada  a  Ele"  (2  Pe  1.3,  NTLH).  Isso  significa  que  Deus  confere  ao  crente  todos  os  meios  da  graça  necessários  para  que  ele  vença  o  pecado  e  a  tentação.  Somos  nós,  muitas  vezes,  que  não  nos  apropriamos  dessa  graça,  "andando  em  Espírito" e,  subsequentemente,  não  cumprindo  a  concupisciência  da  carne  (Gl  5.16).  Portanto,  não  há  desculpas!

B)  Subeterfúgio:  "a  culpa  não  é  minha;  é  da  minha  natureza  pecaminosa".  

Resposta  Bíblica:  "Abandonem  a  velha  natureza"  (Ef  4.22);  "E  os  que  são  de  Cristo  crucificaram  a  carne  com  as  suas  paixões  e  concupisciências"  (Gl  5.24).  Existe  uma  história  de  um  motorista  que,  apanhado  em  excesso de  velocidade,  arguiu  ao  juiz:  "Foi  a  minha  velha  natureza  que  estava  em  excesso  de  velocidade".  Ao  que  o  juiz  replicou:  "Multo  a  sua  velha  natureza  em  50  libras  por  excesso  de  velocidade,  e  multo  a  sua  nova  natureza  em  50  libras  por  ser  conivente  com  a  primeira".  Esta  ilustração,  conquanto  tenha  suas  imperfeições,  aponta-nos  para o  fato  de  que  culpar  a  velha  natureza  não  é  uma  boa  solução,  mas  sim  o  total  arrependimento  do  pecado  e  a  plena  consciência  da  culpa,  que  levará  à  humilhação  perante  Deus.  

Por fim,  devemos  compreender  que  Deus  não  aceita  nossas  vãs  e  inúteis  auto-justificações.  Ele  quer  um  coração  quebrantado,  cônscio  de  que  pecou  e  ofendeu  a  Ele,  um  Ser  tão  infinito  em  honra,  glória  e  santidade;  um  coração  contrito,  humilhado,  e disposto  à  mudar.  

3)   Minimizar  ou  relativizar  o  pecado.  Muitos  cristãos,  dependendo  de  seus  erros,  tendem  a  relativizar  e  minimizar  o  pecado.  Em  via  de  regra,  isso  ocorre  quando  para  a  mente  humana  o  erro  cometido  é  trivial  demais  para  ser  tratado  com  demasiada  seriedade.  Então, dando-lhe  o  cognome  de  "pecadinho",  muitos  crentes  relativizam  os  seus  pecados.

Infelizmente,  tratamos  o  pecado  com  muito  descaso,  vendo  apenas  o  ato  em  si  e  esquecendo  contra  quem  ele  é  cometido.  Nenhum  pecado  contra  Deus  pode  ser  considerado  pequeno:  ele  é  uma  ofensa  contra  o  Criador  dos  céus  e  da  terra.  
Como  pode  ser  minimizado  um  ato  contra  o  Ser  Supremo,  infinito  em  glória  e  santidade?  Como  podemos  relativizar  uma  ofensa  contra  Deus?  

"Ofensa"  é  o  substantivo  que  o  apóstolo  Paulo  usa  por  7  vezes  em  Romanos  5  para  se  referir  ao  pecado  (cf.  vv.  15-18,  20).   Isso  mesmo:  não  importa  o  quão  trivial nos  pareça  o  ato  que  praticamos,  o  que  fizemos  foi  literalmente  ofender  gravemente  ao  Todo  Poderoso.    

Em  sua  essência, o pecado é  uma  traição  intencional,  uma  rebelião  clara  e  desafiadora  contra  o  Criador  do  Universo. John  Bunyan  define-o  do  seguinte  modo:

"O  pecado  é  um  desafio  à  Justiça  de  Deus,  um  abuso  à  Sua  misericórdia,  uma  zombaria  à  Sua  paciência,  um  ligeiro  ao  Seu  poder  e  um  desprezo  ao  Seu  amor."

 A  gravidade  do  pecado  é  maior  do  que  possamos  imaginar.  Ele  é  tão  grave  que,  não  por  acaso,  custou  a  vida  do  Filho  de  Deus.  O  pecado  foi  a  causa  de  Deus  Pai  ter  moído  Seu  Filho  na  cruz,  para  propiciar-nos  remissão,  numa  rica  demonstração  de  amor. Foi  a  causa  da  morte  do  Autor  da  Vida.  Sobre  isso,  um  escritor  de  um certo  hino  disse,  com  muita  propriedade:  "Foi  o  enorme  fardo  dos  nossos  pecados  que  Te  deitou  no  túmulo,  ó  Senhor  da  vida!".  

Sim!  O  peso  de nossos  pecados  deitou  nosso  Senhor  no  túmulo.  Foram eles  a  causa  de  todo  o  seu  sofrimento,  que  não  foi  só  físico,  mas,  principalmente,  espiritual.  
Infelizmente,  muitos  cristãos  ainda  possuem  em  suas  mentes  a  ideia  católico-romana  acerca  da  expiação  de  Cristo,  acreditando  que  Ele  pagou  o  preço  por  nós  ao  ser  torturado  pelos  soldados romanos,  ou  ao  sofrer  as  outras  dores  físicas   inenarráveis  que  experimentou. Mas  não  é  isso  que  as  Escrituras  ensinam.  A  nossa  expiação  ocorreu  quando  os  pecados   de  toda  a  humanidade  recaíram  sobre  Cristo,  que  foi  oprimido  em  Sua  alma,  sendo  moído  pelo  Pai  por  causa  deles:  "Todavia,  agradou  ao  Senhor  moê-Lo,  fazendo-O  enfermar,  quando  Ele  der  a  Sua  alma  por  expiação  do  pecado"   (Is  53.10).  Note:  a  nossa  expiação  ocorreu  não  quando  os  ímpios  soldados  romanos  castigaram  Jesus  e  o  oprimiram   desumanamente,  mas  sim  quando  o  Pai  o  castigou.   Contudo, os  dois  castigos  ocorreram  de  modo  simultâneo.  Em  suma:  em  seu  físico,  Cristo  padecia  as  cruéis  torturas  de  seus  algozes;  e,  ao  mesmo  tempo,  em  Sua  alma  o  Pai  estava  moendo-Lhe  e  oprimindo-Lhe,  fazendo  com  que  sobre  Ele  viesse  o  peso  e  o  castigo  do  pecado  de  toda  a  humanidade.    

Cristo  não  estava  suportando  apenas  o  peso  físico  da  cruz,  mas  também  em  Sua  alma  o  peso  inimaginável  dos  pecados  da  cruel  e  depravada  humanidade.  Isso  foi  necessário   para  que  nossa  redenção  ocorresse.   

Percebemos,  deste  modo,  que  o  pecado  é  de  sobremaneira  gravíssimo  aos  olhos  de  Deus,  mais  do  que  possamos  imaginar  ou  cogitar.  A  nossa  única  esperança,  como  miseráveis  pecadores,  é  o  sacrifício  vicário  e  expiatório  que  nosso  Senhor  fez  por  nós,  com  o  qual  Ele  pagou  o  preço  por  nossos  pecados:  Mas  graças  a  Deus  por  Jesus  Cristo,  nosso  Senhor...  (Rm  7.25).  

Creia  na  suficiência  do  sacrifício  de  Cristo  na  cruz.  Creia  que  Ele  morreu  pelo  seu  pecado,  seja  ele  qual  for,  e  que  isso  lhe  garante  o  seu  perdão  diante  de  Deus,  contanto  que  se  arrependas  verdadeiramente,  reconhecendo  a  gravidade  do  pecado  e  confiante  no  poder  do  sangue  de  Cristo,  que  decerto  nos  purificará:  "Mas,  se  andarmos  na  luz,  como  Ele  na  luz  está,  temos  comunhão  uns  com  os  outros,  e  o  sangue  de  Jesus  Cristo,  Seu  Filho,  nos  purifica  de  todo  o  pecado"  (1  Jo  1.7). 

Atitudes  Corretas

1)  Confessar o pecado: "Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça" (1Jo 1.9).

2) Abandonar o pecado: tão importante quanto confessar o pecado é abandoná-lo. Disse o sábio Salomão: "Aquele que confessa e deixa alcançará misericórdia" (Pv 28.13). Observe que a confissão e o abandono do mau são colocados no mesmo patamar àquele que deseja alcançar o perdão divino. 

3)  Buscar o fortalecimento em Deus: "No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder" (Ef 6.10). Precisamos saber que mesmo depois da arrependimento, da confissão e do abandono do pecado, a luta não se finaliza. Por isso, precisamos buscar um constante fortalecimento em Deus. Com o nosso espírito forte e o nosso ser em comunhão renovada com o Senhor,  a vitória é certa!  


IV. Algumas Dúvidas Recorrentes 


1)  Como Distinguir o Arrependimento do Remórcio? 

Uma dúvida muito frequente tem sido a de como diferenciar o verdadeiro arrependimento de  um  mero remórcio. Para o correto discernimento dessa questão, é essencial averiguarmos as evidências do arrependimento genuíno. 

Em primeiro lugar, o arrependimento genuíno caracteriza-se em sua essência pela tristeza pelo pecado, e não exatamente pela consequência do mesmo. O arrependimento de Davi registrado em Salmo 51 em nenhum momento evoca a questão da morte prematura de seu filho ou das outras consequências de seu erro.  Pelo contrário, a tristeza de Davi baseia-se essencialmente no fato de ter ofendido a Deus: "Contra Ti, contra Ti somente pequei; e fiz o que a Teus olhos é mau" (Sl 51.4). 

Em segundo lugar, um coração verdadeiramente arrependido busca não somente a segurança do perdão. Ele busca uma mudança total e radical de postura; ele almeja não somente ser perdoado, mas também purificado. Não é por acaso que o apóstolo João incluiu as duas coisas ao falar sobre a confissão (1Jo 1.9). Noutras palavras, o verdadeiro penitente não recorrerá a Deus apenas para ter a consciência aliviada ou para outros fins, quaisquer que sejam. Mas primariamente por ter a consciência de que entristeceu um Deus tão rico em amor e bondade; um Deus tão santo, tão benigno! Essa é a base primária da verdadeira contrição. 

Portanto, podemos diferenciar o arrependimento do remórcio pela motivação do indíviduo.  Quando há verdadeiro arrependimento, a motivação não é egoísta. Ela é, pelo contrário, motivada pela consciência de ter ofendido ao Senhor;  e disso subsequencia-se um sincero desejo de mudança total e completa. 

2) Como Diferenciar a "Tristeza Segundo Deus" da "Tristeza Segundo o Mundo"?

O apóstolo Paulo faz essa distinção em 2 Coríntios 7.10. E neste caso a resposta está claramente sintetizada dentro do próprio versículo: "Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, da qual ninguém se arrepende; mas a tristeza segundo o mundo opera a morte". No contexto, Paulo se regozijara em saber que a Igreja em Corinto havia se contristado por seus pecados com a "tristeza segundo Deus". Isso porque esta tristeza, que é operada em nós pelo Espírito Santo, conduz ao verdadeiro arrependimento — o que resulta em salvação. Por outro lado, há uma outra tristeza que conduz à morte.  Neste caso, não é apresentada uma luz no fim do túnel. A pessoa é imersa na culpa de seus pecados e acaba por não mais ver solução para ela mesma e para a sua situação. Isso opera a morte. Mas o Espírito Santo, por mais que mostre a gravidade de nossos erros, sempre apontará a luz no fim do túnel. Ele sempre apontará a saída, a solução, o remédio. Ele sempre atrairá o pecador a Cristo, em contrição, para ser restaurado e perdoado por Ele.

3) O Perdão de Deus é Indefinido? 

Sim. Jesus nos ensinou a perdoar "setenta vezes sete" — uma figura de linguagem para dizer "indefinidamente" (Mt 18.22). Ora, se Cristo nos ensinou a perdoar assim, não é lógico que o Seu perdão é também indefinido? 

Não há dúvidas de que o Senhor sempre terá prazer em perdoar e restaurar o arrependido! O conhecimento dessa verdade, contudo, não nos deve tornar cristãos negligentes quanto ao pecado. Pelo contrário: o conhecimento dessa maravilhosa graça deve ser o nosso maior estímulo à santidade! 

4) É Possível Ser Perdoado Sem Sentir o Perdão? 

É maravilhoso quando Deus comunica o Seu perdão e graça aos nossos sentimentos. Contudo, não podemos ser cristãos acostumados  com isso. É evidente que Deus nem sempre agirá dessa forma. Não foi à toa que Ele falou em Sua Palavra que andamos "por fé" e não pelo que sentimos ou vemos (2Co 5.7). Deus quer que saibamos que fomos perdoados. Isso independe dos sentimentos. Seu coração pode muito bem acusá-lo de algo que já foi perdoado, e a orientação das Escrituras nesse caso é apenas confiar na promessa divina, pois "maior é Deus do que o nosso coração" (1Jo 3.20). Fato é que Deus promete perdoar a todos os contritos de coração, que vem a Ele com desejo sincero de mudar.  Sua promessa vale muito mais que nossos sentimentos e nosso enganoso coração, que estão profundamente afetados pelo pecado.   


     
 
   

  



         

        

quarta-feira, 2 de setembro de 2020

Por Quem Jesus Morreu?

 

        Jesus  morreu  por  toda  a  humanidade,  e  a  abrangência  de  Sua  expiação  foi  universal.  Ele  pagou  o  preço  a  Deus  pelos  nossos  pecados  (Ef  5.2), de  sorte  que  todos  aqueles  que  que  confiam  nEle  para  a  salvação  são  perdoados  e  justificados  (Rm  5.6-11).

        No  entanto,  esta  doutrina  que  é  tão  bem  documentada  nas  Escrituras  vem  sendo  negada  contundentemente.  O  Calvinismo  advoga  a  "Expiação  Limitada",  dizendo  que  Cristo  morreu  somente  por  um  grupo  de  eleitos,  e  não  pela  humanidade  em  geral.  Mas,  será  mesmo  que  é  isso  que  as  Escrituras  ensinam?  O  que  elas  dizem?  Deixemos  a  Bíblia  falar  por  si  mesma.

          Jesus  Afirmou  a  Universalidade  de  Sua  Expiação

     Em  primeiro  lugar,  o  próprio  Jesus  afirmou  que  a  abrangência  de  Sua  expiação  era  universal.  O  Filho  de  Deus  declarou  explicitamente  que  o  Seu  sacrifício  e  obra  redentora  foram  efetuados  em  favor  do  mundo  todo,  e  não  apenas  por  um  "grupo  especial".  Se  não,  vejamos.

     No  diálogo  com  Nicodemos,  Jesus  afirmou  clara  e  abertamente  que  o  Pai  o  havia  enviado  por  amor  ao  mundo  todo,  e  não  apenas  por  um  coletivo:  "Porque  Deus  amou  o  mundo  de  tal  maneira  que  deu  o  Seu  Filho  unigênito,  para  que  todo  aquele  que  nEle  crê  não  pereça,  mas  tenha  a  vida  eterna.  Porque  Deus  mandou  o  Seu  Filho  ao  mundo,  não  para  que  condenasse  o  mundo,  mas  para  que  o  mundo  fosse  salvo  por  Ele"  (Jo  3.16,17).  Ainda  no  diálogo,  Jesus  fala  de  Si  mesmo  como  a  "Luz  que  veio  ao  mundo"  (Jo  3.19). 

        Jesus,  ainda,  afirmou a  universalidade  de  Sua  expiação  nos  seguintes  termos:  "O  pão  de  Deus  é  aquele  que  desce  do  céu  e  dá  vida  ao  mundo"  (Jo  6.33);  "Eu  darei  a  minha  carne  pela  vida  do  mundo"  (Jo  6.51);  "Eu  vim,  não  para  julgar  o  mundo,  mas  para  salvar  o  mundo"  (Jo  12.47).

        Portanto,  indubitavelmente,  Jesus  declarou  a  universalidade  de  Sua  expiação.  

       Os  Anjos  e  os  Contemporâneos  de  Cristo  o  Declararam  como  Salvador  de  Toda  a  Humanidade

     Os  discípulos  contemporâneos  de  Cristo  viam-nO,  não  por  acaso,  como  sendo  o  Salvador  do  mundo. Disseram os  samaritanos  à  mulher  samaritana:  "Já  não  é  pelo  teu  dito  que  nós  cremos  [em  Jesus];  porque  nós  mesmos  o  temos  ouvido,  e  sabemos  que  este  é  verdadeiramente  o  Cristo,  o  Salvador  do  mundo"  (Jo  4.42).  João  Batista  aponta:  "Eis  o  Cordeiro  de  Deus,  que  tira o  pecado  do  mundo!"  (Jo  1.29).  

    Até  mesmo  o  anjo  de  Deus,  ao  anunciar  a  boa-nova  do  nascimento  do  Messias  aos  pastores  de  Belém, regozijou-se  dizendo:  "Não  temais,  porque  eis  que  vos  trago  novas  de  grande  alegria,  que  serão  para  todo  o  povo"  (Lc  2.10).  Quão  maravilhosas  eram  essas  novas!  "Hoje  nasceu  o  Salvador" (Lc  2.11).  Mas,  vale  lembrar  que  essas  novas  só  seriam  de  alegria  para  todo  o  povo,  se  o  Salvador  tivesse  vindo  para  morrer  por  todos  eles.  Do  contrário,  não  seriam  notícias  de  grande  alegria  para  "todos",  mas  tão-somente  para  "alguns".   

    Portanto,  tanto  os  anjos  de  Deus  quanto  os  coetâneos  de  Cristo  o  declararam  como  sendo  o  Salvador  universal.

      As  Escrituras   Dizem  que  Deus  Ama  a  Todos  os  Homens  com  Amor  Salvífico

    Sendo  fato  que  "é  o  desejo  de  Deus  que  todos  os  homens  se  salvem"  (1 Tm  2.4),  e  que  "Ele  anuncia  a  todos  os  homens  em  todo  o  lugar  que  se  arrependam"  (At  17.30),  por  que  Ele  entregaria  o  Seu  Filho  a  apenas  alguns?         

    Inelutavelmente,  Deus  ama  a  todos  com  amor  salvífico.  Do  contrário,  Ele  não  teria  dito  que  "não  se  agrada  da  morte  do  ímpio,  mas  sim  que  ele  se  arrependa"  (Ez  33.11).  Assim  sendo,  é  totalmente  incongruente  que  Deus  deseje  que  todos  os  homens  se  salvem e que ao  mesmo  tempo  não  lhes  dê  a  possibilidade  de  salvação,  ao  negar  o  Seu  único  Filho  a  muitos.

    As  Escrituras  dizem  que  Jesus  Morreu  Por  Todos

   Finalmente,  as  próprias  Escrituras  inequivocamente  demonstram,  por  meio de  textos  claríssimos,  a  universalidade  do  sacrifício  de  Cristo.    

Se  não,  vejamos:  "Todos  nós  andamos  desgarrados  como  ovelhas;  cada  um  se  desviava  pelo  seu  caminho,  mas  o  Senhor  fez  cair  sobre  Ele  a  iniquidade  de  nós  todos" (Is  53.6);  "Pois  assim  como  por  uma  só  ofensa  veio  o  juízo  sobre  todos  os  homens  para  condenação,  assim  também  por  um  só  ato  de  justiça  veio  a graça  sobre  todos  os  homens  para  justificação  de  vida"  (Rm  5.18);  "Porque  há  um  só  Deus  e  um  só  Mediador  entre  Deus  e  os  homens:  Jesus  Cristo,  homem,  o  qual  se  deu  a  Si  mesmo  por  todos,  para  servir  de  testemunho  a  seu  tempo"  (1  Tm  2.5,6);  "Porque  para  isto  trabalhamos  e  lutamos,  esperando  no  Deus  Vivo,  que  é  o  Salvador  de  todos  os  homens,  principalmente  dos  fiéis" (1 Tm  4.10);  "Porque  a  graça  de  Deus  se  há  manifestado,  trazendo  salvação a  todos  os  homens"  (Tt  2.11);  "vemos,  porém,  coroado  de  glória  e  de  honra  a  este  Jesus,  que  fora  feito  um  pouco  menor  do  que  os  anjos,  por  causa  da  paixão  da  morte,  para  que,  pela  graça  de  Deus,  provasse  a  morte  por  todos"  (Hb  2.9);  "Ele  é  a  propiciação  pelos  nossos  pecados, e   não  somente  pelos  nossos,  mas  também  pelos  de  todo  o  mundo"  (1  Jo  2.2);  "Nós  vimos  e  testificamos  que  o  Pai  enviou  o  Seu  Filho  para  ser  o  Salvador  do  mundo"  (1 Jo  4.14).      


            

          


     

O PERIGO DO CRISTIANISMO EMOCIONAL

  Ultimamente, tenho notado muito o prejuízo causado pela ausência de compreensão correta no que diz respeito ao lugar das emoções na vida c...