segunda-feira, 8 de novembro de 2021

O PERIGO DO CRISTIANISMO EMOCIONAL

 

Ultimamente, tenho notado muito o prejuízo causado pela ausência de compreensão correta no que diz respeito ao lugar das emoções na vida cristã. 

Digo isso começando por minha própria experiência. Muitas vezes, vivi uma espécie de  "cristianismo emocional" — o que é bastante comum de certa forma, especialmente quando estamos no início de nossas caminhadas na fé. Nessa fase, as emoções são geralmente valorizadas em extremo. O perigo de andarmos pelo que sentimos, ao invés de pelo que cremos, é simplesmente enorme.

Podemos ver vários exemplos disso na prática. Muitos cristãos afligem-se ao não sentirem nada quando oram. Eles acreditam que todas as orações devem ser acompanhadas de algum tipo de êxtase emocional. Outros, afligem-se quando confessam seus pecados e não se "sentem perdoados".  Neste caso, eles acreditam que a garantia do perdão divino está no sentir. Não à toa, numerosos cristãos já tiveram crises quanto à sua salvação por não se sentirem salvos.

Existem ainda os casos daqueles que possuem a chamada "consciência escrupulosa", e chamam de pecado tudo aquilo que desconforta seus sentimentos. Se suas emoções são levemente perturbadas, a reação imediata é dizer que pecaram.

E o que dizer dos casos em que cristãos vivem por mensagens divinas recebidas através de sentimentos? Especialmente em meios pentecostais, não são incomuns expressões como "sentir de Deus".  Na verdade, elas são mais comuns do que se imagina. Acontece que os sentimentos não são uma fonte totalmente confiável, e é justamente nisso onde reside o perigo de se deixar conduzir por eles.   

O que deve nos guiar, afinal? São as nossas emoções? São elas o critério para sabermos a vontade de Deus, ou para sabermos se Ele está conosco, ou para sabermos que Ele nos perdoa?

Deixe que a Escritura responda. Em lugar nenhum dela é dito que o justo deveria andar ou viver por seus sentimentos. É pela fé que vivemos (Romanos 1.17; II Coríntios 5.7). É desastroso quando deixamos de viver pelo que sabemos para vivermos pelo que sentimos. 

A preocupação essencial da Escritura aos crentes é muito mais que eles saibam das promessas divinas do que necessariamente que eles as sintam. João não disse que escrevia sua epístola para que os cristãos "sentissem que possuem a vida eterna", mas sim para que soubessem disso com plena certeza (I João 5.13). Sua linguagem é contundente: "Sabemos que somos de Deus" (5.19); "Sabemos que Ele cuida de nós" (3.14); "Sabemos que o conhecemos" (2.3), etc. 

As bênçãos do perdão e da presença constante de Cristo estão baseadas em promessas. Deus garantiu o perdão com base em Sua própria fidelidade: "Ele é fiel ... para nos perdoar" (I João 1.7).  Semelhantemente, Cristo garantiu-nos Sua presença constante ao prometer que estaria conosco em todos os dias (Mateus 28.19). Sentindo você ou não, a fidelidade de Deus não pode ser  anulada.

Viva por certezas. Nossas emoções variam a todo momento. Nossas emoções estão afetadas pelo pecado. Viver por elas é viver em inconstância. Para sermos constantes e firmes, precisamos nos firmar no sólido fundamento divino: as Escrituras. A Palavra de Deus é o nosso único guia seguro, através de suas "grandíssimas e preciosas promessas" (II Pedro 1.4). Firme-se nelas! Este é o segredo de uma vida cristã vitoriosa, frutífera e constante.  


terça-feira, 10 de agosto de 2021

CERTITUDO SALUTIS

 "Certitudo Salutis" —   A Certeza da Salvação 

                             

1. O que as Escrituras dizem sobre a certeza da salvação? 

Primeiramente, que ela é plenamente possível. Ela pode ser vista diversas vezes na vida dos personagens bíblicos e dos primeiros cristãos. Às vésperas da morte, Paulo não tinha receio algum em afirmar que "a coroa da justiça" lhe estava reservada pelo Senhor, e que ele, com toda certeza, a receberia (2Timóteo 4.6-8). João expressou total segurança ao escrever aos crentes: "Sabemos que já passamos da morte para a vida" (1João 3.14). O que deu ao apóstolo tamanha certeza? Certamente, as palavras que ouviu do próprio Cristo: "aquele que ouve a Minha Palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna. Não entrará em condenação. Já passou da morte para a vida" (João 5.24). Observe como esta certeza é usada com relação ao passado, ao presente e ao futuro daquele que crê em Jesus:  

(1) Passado: "já passou da morte para a vida".

(2) Presente: "tem a vida eterna". 

(3) Futuro: "Não entrará em condenação". 

 Que segurança para o presente e para toda a eternidade! 

De forma semelhante ao que aprendeu com seu Senhor, João apresentou em sua primeira epístola uma total segurança aos crentes em Cristo. Na verdade, este era inclusive o objetivo maior de sua carta: "Estas coisas vos escrevi para que saibas que tendes a vida eterna" (5.13). A segurança apresentada também abrangia o passado, o presente e o futuro. O passado, pois já passamos da morte para a vida (3.14).  O presente, pois definitivamente "sabemos que O conhecemos" (2.3), "sabemos que Nele estamos" (2.5), "sabemos que Ele tem cuidado de nós" (3.14) e "sabemos que somos de Deus" (5.19).  Finalmente, o futuro, pois também sabemos que "quando Ele vier, seremos como Ele é" (3.2). 

A certeza estava baseada diretamente na garantia fornecida por Cristo. Ele prometeu salvação a todo aquele que, arrependido de seus pecados, crer Nele com todo seu coração (João 6.40,47; Marcos 1.15). Ninguém que fizer isso será rejeitado por Ele (João 6.37). As Escrituras são claras: "Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo" (Romanos 10.11). O vocábulo "invocar" possuía literalmente o sentido de "implorar misericórdia" — neste caso, devido à convicção de pecado. Os pecadores arrependidos podem descansar confiantemente na obra efetuada por Cristo na cruz. Podem ter total certeza da salvação,  graças ao Seu sacrifício. 

Ousadamente, a Escritura conclama o salvo a "tomar posse da vida eterna" (1 Timóteo 6.12) — isto é, da certeza, da convição e da segurança da vida em Cristo. 

2. Objeções à certeza da salvação: 

2.1.  "A certeza da salvação conduz ao relaxamento espiritual". Nada poderia estar mais errado. Se existe algo que estimula o salvo é a segurança de que ele pertence a Cristo e de que com Ele estará por toda a eternidade! E que ingratidão absurda seria retribuir tamanho bem com uma vida espiritual relaxada ou negligente! Quanto amor, quanta graça, quanto sangue, quanta misericórdia seriam desprezados e pisoteados! Como dizia John Owen: "É assim que retribuirei o Pai por Seu amor, o Filho por Seu sangue, e o Espírito Santo por Sua graça?".  

O salvo é motivado por esse amor e gratidão, e não pelo medo. Na verdade, o maior motivo apresentado por Paulo aos coríntios para que não pecassem é justamente o fato de terem sido salvos: "Vós haveis sido lavados, haveis sido santificados, haveis sido justificados [...]  [e]  fostes comprados por bom preço; glorifiquem, portanto, a Deus no vosso corpo e no vosso espírito..." (1Coríntios 6.11,20). 


2.2.  "A certeza da salvação produz orgulho". Apenas a falsa certeza gera orgulho. Aquele que atribui sua salvação a seus próprios méritos e esforços nunca teve um real relacionamento salvífico com Cristo.  Como se orgulhar por algo de que não sou nem um pouco merecedor? Me exaltarei pelo fato de Deus ter usado misericórdia comigo — um perdido pecador que merecia a mais severa manifestação de Sua ira? 

Nenhuma obra nos torna aceitáveis perante Deus. Não existe nada que façamos que não esteja maculado com a mancha do pecado. Até mesmo nossas melhores obras diante da retidão divina são "trapos de imundícia" (Isaías 64.6). A salvação só pode ocorrer pela obra bendita de Cristo, o Cordeiro santo e imaculado que foi moído sacrificialmente pelos nossos pecados. O verdadeiro salvo, portanto, apenas gloria-se na cruz (Gálatas 6.14), e não vê mérito em si mesmo. Sua reação é a mesma de Lutero, quando disse: "Quando olho para mim não vejo como me salvar, mas quando olho para Cristo não vejo como me perder". 


3. Conclusão

A certeza da salvação é a maior bênção do redimido. A bênção que lhe propicia ânimo nas provações e tentações; a bênção que lhe permite ter gozo em meio à tristeza; a bênção que lhe comunica como nenhuma outra a sensação do amor e da graça de Cristo, que excedem todo entendimento. A bênção que lhe permite ter a firme confiança de que pertence a Cristo, de que participa efetivamente dEle e de que estará com Ele por toda a eternidade.

Se você ainda não experimentou a salvação, não perca mais tempo. Esconda-se em Cristo. Reconheça seus pecados e se atire em Sua cruz rogando graça, favor e misericórdia. Invoque o nome dEle. Você será vestido de "vestes de salvação" e adornado com o manto da justiça de Cristo (Isaías 61.10). Será selado com o Espírito Santo, como garantia da redenção (Efésios 1.13). Seus pecados serão perdoados; sua culpa será retirada; sua salvação será garantida. Você poderá se unir ao coro dos remidos naquele Grande Dia.  Eternamente salvo. Eternamento perdoado. Eternamente remido. 

 

— Daniel Cardoso 


segunda-feira, 2 de agosto de 2021

AS EXIGÊNCIAS DE CRISTO AOS SEUS DISCÍPULOS

  

Não existe nada melhor do que ser um discípulo de Cristo. É a melhor e mais gloriosa escolha que alguém pode tomar. Contudo, Jesus nos deu algumas condições a serem observadas. Elas exigem total abnegação e renúncia; exigem uma entrega contínua, total e verdadeira a Cristo, sem nenhuma reserva. Sem elas, é impossível ser um verdadeiro discípulo.  Jesus fala sobre elas em Lucas 14.26,27,33:

Se alguém vier a mim e não aborrecer a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs, e ainda também a própria vida, não pode ser meu discípulo. E qualquer que não levar a sua cruz e não vier após mim não pode ser meu discípulo  [...] assim, pois, qualquer de vós que não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo. 

Examinemos o que Cristo quis dizer. 


1)  "Aborrecer"

A primeira condição estabelecida por Cristo é "aborrecer pai, mãe, mulher, filhos, irmãos, irmãs e a própria vida". Ora, primeiramente, o que Cristo quis dizer com essas palavras tão fortes? E por que o evangelista utiliza justamente o vocábulo "aborrecer", que no idioma grego transmitia literalmente a ideia de "odiar"?   Seria realmente uma ordem para odiarmos a nós mesmos e a nossa família? 

É evidente que não. Cristo jamais ordenaria algo semelhante. Além do mais, Ele mesmo colocou o amor a Deus e ao próximo como o mandamento mais elevado àqueles que quisessem realmente segui-Lo (Marcos 12.28-31; João 13.34,35; 15.12). Seria um enorme contrassenso amar ao próximo e ao mesmo tempo ter de odiar àqueles que, no fim das contas, são os mais próximos de nós — a nossa família. Na verdade, o que Cristo estava dizendo era bastante simples. O texto paralelo de Mateus 10.37 elucida a questão, trazendo as seguintes palavras: "Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a mim não é digno de mim". 

Em suma, Cristo estava dizendo que não é possível ser seu discípulo e ao mesmo tempo colocar um outro relacionamento à sua frente. Aquele que quiser seguir a Jesus deve tê-lo como sua maior prioridade. Deve amá-Lo mais do que a si mesmo e do que a sua própria família. Nada deve nem sequer competir o lugar que é do Senhor em seu coração!

Para destacar isso, Cristo utiliza uma linguagem hiperbólica: "aborrecer". Devemos efetivamente ter o Senhor na mais alta prioridade, abrindo mão de tudo o que for preciso. Nosso amor pelo Mestre deve superar todas as coisas, do mesmo modo como o dEle superou, quando ofereceu sua própria vida como sacrifício em nosso favor. 


2) "Levar a cruz"

O que significa esta outra expressão enigmática? Jesus estaria se referindo a um adorno que alguém leva sobre o seu pescoço? Ou, ainda, às eventuais dificuldades da vida que podemos enfrentar? Essas podem ser as impressões iniciais de alguém em nosso tempo ao se deparar com esta declaração, mas certamente não da multidão que constituía o público original de Cristo. Para ela, a expressão "levar a cruz" não tinha mistério algum. Sem rodeios, ela significava literalmente morrer.  Isso mesmo, a cruz era símbolo de morte. Morte amarga e cruel!

Estaria Cristo, então, dizendo que precisamos morrer para servi-lO? Sim. Mas não fisicamente; precisamos morrer para nós mesmos. Nesse sentido, Paulo, um exemplo de fiel discípulo, afirmou que "morria todos os dias" (1 Coríntios 15.31). 

Em nossa caminhada cristã, precisamos continuamente mortificar todos os nossos desejos, vontades e paixões que são contrários a Cristo e ao Evangelho. Precisamos nos submeter integralmente a Ele! 

"Assim também vós considerai-vos como mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus, nosso Senhor" (Romanos 6.11). 


3)  "Renunciar tudo"

Com a primeira expressão, Cristo se referia à relacionamentos; com a segunda, Ele aludia à ambições; e com esta terceira, Ele refere-se à coisas. Em suma: nada e nem ninguém deve tomar o lugar de Cristo na vida do verdadeiro discípulo. Cristo exige de seus seguidores nada menos do que um firme e resoluto comprometimento em servi-Lo. 


Você está disposto a se entregar verdadeiramente a Jesus Cristo? Está disposto a servi-lO como um fiel discípulo? Então, vá agora mesmo até Ele. Receba-O como Salvador e como Senhor absoluto de sua vida. Cristo promete não rejeitar àqueles que sinceramente vêm até Ele, nem agora (João 6.37) e nem na eternidade (Mateus  10.32). Portanto, não perca tempo! Experimente hoje mesmo o gozo da salvação e a alegria de seguir a Cristo! 


—  Daniel Cardoso 

  

O PERIGO DO CRISTIANISMO EMOCIONAL

  Ultimamente, tenho notado muito o prejuízo causado pela ausência de compreensão correta no que diz respeito ao lugar das emoções na vida c...